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Amor cortês medieval

O amor cortês surgiu na Baixa Idade Média, por volta do século XII, e caracterizou-se pela idealização da pessoa amada e pelo ideal de cortesia.

O amor cortês desenvolveu-se por volta do século XII e destacou-se como um tipo de comportamento amoroso idealizador
O amor cortês desenvolveu-se por volta do século XII e destacou-se como um tipo de comportamento amoroso idealizador
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Por volta do século XII – período então conhecido como Baixa Idade Média –, um tipo específico de “amor”, ou de comportamento amoroso, desenvolveu-se. Tratava-se do amor cortês. Por amor cortês entende-se o tipo de amor que idealizava a pessoa amada, elevando-a a um plano etéreo, isto é, quase divino. Além disso, havia na atmosfera do amor cortês o “jogo amoroso”, que se instalava a partir do momento em que um terceiro cavalheiro passava a cortejar a dama casada, alimentando o orgulho desta e despertando os ciúmes do esposo.

Muitos historiadores concordam que o amor cortês medieval tenha aparecido inicialmente na região da Occitânia, situada entre o sul da França e a Espanha, e que suas raízes provenham da cultura árabe, que se instalou durante séculos nessa região. Havia entre os árabes “certa exaltação idealizante da mulher”, como propôs o pesquisador português José Maria Silva Rosa em seu ensaio “A Transfiguração Espiritual do Amor Cortês em Bernardo de Claraval”. De tal exaltação nasceu uma forma amorosa de tonalidade mística, isto é, um tipo de “comunhão” entre as almas dos amantes, tal como há na “comunhão” mística dos religiosos com Deus.

Foi nesse contexto que surgiu o ideal da cortesia. Fazer a corte implicava a submissão e fidelidade incondicional à mulher amada por parte do cavaleiro medieval. As honras da cavalaria e o prestígio ganho pelo cavaleiro habilitavam-no a prostrar-se diante da dama desejada. Alguns historiadores observaram que nesse gesto havia também certa reprodução simbólica das relações sociais do sistema feudal que se davam entre senhores e vassalos.

No que se referia ao “jogo amoroso”, os senhores feudais, que permitiam que jovens cavaleiros habitassem sua corte, permitiam também que eles cortejassem sua esposa, sem, no entanto, concederem a primazia da conjunção carnal. O adultério era repreendido, mas se concedia o jogo de sedução como tática para fortalecer os laços conjugais entre esposa e senhor, bem como a autoridade do senhor sobre os cavaleiros mais jovens.

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Um dos intelectuais da Baixa Idade Média que refletiram sobre o amor cortês foi Bernardo de Claraval (1090-1153). A reflexão de Claraval deteve-se no aspecto obsessivo do desejo que estava implícito no amor cortês — uma forma desviada da alma de amar a Deus. O amor místico das almas por Cristo teria, na forma do amor cortês, canalizado-se para a figura do amante e, por isso, segundo Claraval, sempre se frustrava, haja vista que a pessoa amada nunca poderia corresponder à perfeição idealizada, já que a substância da perfeição era apenas divina.

São Bernardo de Claraval desenvolveu uma reflexão teológica a respeito do amor cortês *
São Bernardo de Claraval desenvolveu uma reflexão teológica a respeito do amor cortês *

Como acentuou o pesquisador citado, José Maria Silva Rosa, “do ponto de vista de Bernardo de Claraval, a tragédia do amor cortês e de todo amor humano” é “visar à unidade dos amantes, mas não poder realizá-la”.

No imaginário medieval, muitas canções populares elaboradas por trovares que habitavam as cortes tornaram-se famosas por tematizarem o amor cortês. Foi o caso de Roman de la Rose (Romance da Rosa), que começou a ser redigida, inicialmente, pelo poeta Guillaume de Lorris, por volta de 1230.

* Créditos da imagem: Shutterstock e Zvonimir Atletic


Por Me. Cláudio Fernandes

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

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FERNANDES, Cláudio. "Amor cortês medieval"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/amor-cortes-medieval.htm. Acesso em 10 de dezembro de 2024.

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