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Comércio de escravos na África

O comércio de escravos existiu na África desde a Antiguidade, porém o número de escravos acentuou-se na Idade Moderna, com o tráfico negreiro europeu.

Da captura de escravos no interior do território ao comércio de escravos nos navios negreiros
Da captura de escravos no interior do território ao comércio de escravos nos navios negreiros
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O comércio de pessoas que se tornavam escravizadas estava presente no continente africano desde os egípcios antigos. As pessoas se tornavam escravas na África principalmente em razão das guerras: membros de tribos rivais eram reduzidos à condição de cativos, ou seja, escravos. As guerras se davam entre os diversos reinos africanos e, também, por meio dos conflitos que ocorriam entre as diferentes etnias africanas. Outra forma pela qual as pessoas se tornavam escravas era através das dívidas.

Na África, o comércio de escravos teve início por volta do século II a. C., quando o faraó Snefru retornou da região da Núbia com milhares de prisioneiros de guerra que se tornaram escravos no Egito Antigo. Posteriormente, gregos e romanos continuaram a traficar e a escravizar os africanos que se tornaram prisioneiros de guerra. É bom ressaltar que grande parte do norte da África integrou o Império Romano, e os gregos dominaram por muito tempo o mar Mediterrâneo, que liga o continente europeu com o continente africano. Em razão disso, vários africanos foram escravizados pelos romanos e gregos.

Com a conquista árabe, no século XII, principalmente no norte da África, o tráfico de escravos e o número de pessoas escravizadas na África aumentaram. Porém, o comércio de escravos africanos aumentou significativamente a partir do tráfico negreiro inaugurado pelos europeus no contexto da expansão marítima europeia, no século XV (Idade Moderna).

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No decorrer do século XV, os europeus, no intuito de expandir suas atividades comerciais, exploraram a costa africana. Com a colonização da América, necessitavam de mão de obra para trabalhar nas terras conquistadas no “Novo Mundo”.

Diante dessa nova realidade, os europeus passaram a praticar o lucrativo tráfico negreiro, que aconteceu durante quatro séculos entre o continente africano e o continente americano. O tráfico negreiro ocasionou transformações na sociedade africana, pois o aumento ou a diminuição da escravidão interna (na África) estava relacionado (a) com a maior ou a menor demanda externa (para a América). Portanto, quanto maior a necessidade de escravos na América, maior era o número de pessoas escravizadas na África. Assim, o tráfico negreiro se tornou um negócio rentável.

O contingente de africanos que foram trazidos forçadamente para a América como escravos não é preciso, mas situa-se entre dez e onze milhões de africanos escravizados, desde o século XV até a abolição do tráfico negreiro em Cuba, no ano de 1868. No Brasil, o tráfico negreiro foi proibido com a Lei Eusébio de Queiroz em 1850, mas a escravidão somente foi abolida no ano de 1888.

Leandro Carvalho
Mestre em História

Escritor do artigo
Escrito por: Leandro Carvalho Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CARVALHO, Leandro. "Comércio de escravos na África"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/comercio-escravos-na-Africa.htm. Acesso em 10 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Leia os versos:

“Seiscentas peças barganhei:

— Que Pechincha! — no Senegal

A carne é rija, os músculos de aço,

Boa liga do melhor metal.

 

Em troca dei só aguardente,

Contas, latão – um peso morto!

Eu ganho oitocentos por cento

Se a metade chegar ao porto.”

HEINE, Heinrich. Citado em: BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

O trecho do poema acima citado refere-se:

a) aos grandes lucros conseguidos pelos chefes tribais africanos na venda de escravos aos europeus.

b) à forma pela qual os europeus conseguiam adquirir metais preciosos em solo africano.

c) ao comércio de escravos no continente africano e os altos lucros proporcionados aos europeus em decorrência dos produtos dados em troca.

d) ao comércio de carne realizado na África mediante o escambo.

Exercício 2

“[...] e em lugar de ouro, de prata e de outros bens que servem de moeda em outras regiões, aqui a moeda é feita de pessoas, que não são nem ouro, nem tecidos, mas sim criaturas. E a nós a vergonha e a de nossos predecessores, de termos, em nossa simplicidade, aberto a porta a tantos males [...]”

Garcia II, rei do Congo, século XVII.

Garcia II lamenta a ocorrência do tráfico de escravos a partir da África indicando que havia também a responsabilidade:

a) dos europeus, que invadiram o continente e introduziram a escravidão.

b) dos próprios africanos, que haviam participado desde o início da comercialização dos escravos.

c) dos colonos americanos, que abriram as portas das novas terras para a entrada dos escravizados.

d) dos próprios africanos, que estavam sedentos por metais preciosos como ouro e prata.