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Campanha de Galípoli

A Campanha de Galípoli ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial, em 1915, e consistiu em uma operação militar de turco-otomanos e alemães para resistir contra o avanço dos aliados.

Monumento dedicado aos soldados turcos que lutaram na Primeira Guerra Mundial*
Monumento dedicado aos soldados turcos que lutaram na Primeira Guerra Mundial*
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Quando estudamos grandes acontecimentos, como as duas guerras mundiais que ocorreram na primeira metade do século XX, frequentemente não conseguimos abarcar todos os diversos desdobramentos que essas guerras tiveram nas várias partes do globo terrestre e tendemos a nos restringir ao que ocorreu no continente europeu. No entanto, para compreender a fundo acontecimentos de vulto mundial, é necessário estudá-los com a maior largueza possível. Para isso, destacamos aqui neste texto uma das mais importantes campanhas militares da Primeira Guerra Mundial, na região da Ásia Menor (ou Anatólia), especificamente na Península de Galípoli.

Sabemos que a Primeira Guerra Mundial foi motivada por interesses imperialistas e expansionistas dos grandes impérios que se erigiram no século XIX. Os impérios alemão e austro-húngaro desencadearam a guerra, aproveitando-se do assassinato do arquiduque austríaco Francisco Ferdinando, na Bósnia, por um terrorista sérvio. Alemanha e Áustria-Hungria formaram uma frente de ataque contra o Império Russo (apoiador da Sérvia e dos demais países eslavos). Logo, uma coalizão franco-britânica também se posicionou contra os impérios austro-húngaro e alemão, compondo, assim, o principal “mapa” da guerra (O desenrolar do conflito em terreno europeu pode ser consultado no seguinte texto: o desenvolvimento da Primeira Guerra Mundial.).

O fato é que havia interesses de impérios de outras regiões no conflito europeu, haja vista que as nações europeias possuíam o controle econômico e político de imensas regiões fora da Europa (como era o caso da Inglaterra, que comandava todo o território indiano). Um desses impérios era o o Turco-Otomano, que controlava todo o Oriente Médio, o Norte da África e parte da Ásia. Era interessante para os turcos formarem alianças com franceses e ingleses e lutarem contra os alemães, pois poderiam, ao fim da guerra, beneficiar-se economicamente disso. Entretanto, do lado dos franceses e ingleses estavam os russos, inimigos históricos do turcos.

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O Império Alemão, observando a situação turca diante do “mapa” da guerra, aproveitou-se para propor uma aliança: os turcos entrariam na guerra ao lado dos alemães e, em troca, receberiam apoio para conexões políticas e comerciais entre o centro da Europa e o Oriente Médio por meio do Expresso Berlim-Bagdá, isto é, um projeto de extensão do trem de ferro Expresso Paris-Istambul, que já existia no período anterior à Primeira Guerra. Os turcos aceitaram o acordo e deram apoio aos alemães na guerra.

As principais campanhas turco-otomanas ocorreram em seu principal território, a Anatólia (Ásia Menor), sobretudo por esta representar um lugar estratégico, já que se situava entre a Europa e a Ásia. A campanha de Galípoli foi a mais notória. Galípoli é uma península próxima ao estreito de Dardanelos. Foi por meio desse estreito que franceses, ingleses, neozelandeses e australianos tentaram invadir o centro do poder turco-otomano, por mar e por terra, em 1915. Um dos articuladores dessa operação foi Winston Churchill, então Primeiro Lorde do Almirantado inglês. A resistência a essa invasão foi articulada pelos estrategistas Otto Liman von Sanders, da Alemanha, e Mustafá Kemal, do Império Turco-Otomano.

A resistência, perpetrada pelos turcos e alemães, foi bem-sucedida e resultou em um dos maiores massacres da Primeira Guerra contra os fuzileiros britânicos e franceses. A aliança entre alemães e turcos nos momentos iniciais da guerra foi denominada por alguns historiadores de “jihad germânica”. Como diz o historiador Sean McMeekin em seu “O expresso Berlim-Bagdá: o Império Otomano e a tentativa da Alemanha de conquistar o poder mundial, 1898-1918”:

A resistência triunfal dos turcos em Galípoli fez muito do que salvar Constantinopla para o Império Otomano. Observadores militares astutos podem ter atribuído a vitória às reformas militares de Liman, ao incremento das armas em abril e à competência tática de Kemal, mas os muçulmanos, criados nas ideias de kismet [os fados, o destino] e o fatalismo do inshallah [“Queira Deus”], com a noção de uma libertação divina pela vontade de Alá, não deviam ser menosprezados. Embora uma vitória otomana final ainda tivesse de aguardar uma evacuação dos ingleses, a inversão estratégica em Galípoli oferecia intermináveis possibilidades para a propaganda da guerra santa islâmica.[1]

* Créditos da imagem: Shutterstock e dinosmichail

NOTAS

[1] MCMEEKIN, Sean. O expresso Berlim-Bagdá: o Império Otomano e a tentativa da Alemanha de conquistar o poder mundial, 1898-1918. (trad. Maria Silva Mourão Netto). São Paulo: Globo, 2011. p. 222.


Por Me. Cláudio Fernandes

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

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FERNANDES, Cláudio. "Campanha de Galípoli"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/campanha-galipoli.htm. Acesso em 23 de novembro de 2024.

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