Notificações
Você não tem notificações no momento.
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Retrospectiva sobre os Movimentos no Mundo Árabe - Parte I

Os movimentos que ocorreram no final de 2010 em alguns países árabes, que ficaram conhecidos como ‘Primavera Árabe’, continuam repercutindo no mundo árabe e na geopolítica mundial.

Mapa do Mundo Árabe
Mapa do Mundo Árabe
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

O mundo árabe é formado por um mosaico de países, grupos étnicos e aspectos políticos bastante diversificados, estando localizado entre a porção setentrional da África, ao norte do Saara, e a região conhecida como Oriente Médio, parte integrante do continente asiático. Uma das características comuns a esses países é o predomínio da religião islâmica, que por vezes norteia as práticas políticas e as ideologias mais influentes em relação à população.

Ao final de 2010, vários países árabes começaram a atravessar insurgências e revoltas sociais que se estenderam principalmente durante o ano de 2011 e que ainda repercutem em algumas localidades, ficando conhecidas pela imprensa internacional como a ‘Primavera Árabe’, fundamentada no clamor popular por reformas políticas que conduzissem os países a democracias e melhorias sociais imediatas.

O primeiro país que passou por essas manifestações foi a Tunísia (‘Revolução Jasmim’), localizado na região do Magreb, no norte da África. Entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2011 o movimento popular derrubou o regime de Ben Ali, que estava no poder desde 1987 e que acabou fugindo para a Arábia Saudita. O início dos protestos se deu quando um comerciante de rua ateou fogo em seu próprio corpo em protesto contra a polícia, que retirou a sua permissão de trabalho. Seu martírio simbolizou a luta por maiores oportunidades de emprego e melhorias nas condições de vida no país. O país realizou eleições diretas que colocaram o partido islâmico moderado Ennahda no poder e a indicação de Moncef Marzuki para a presidência.

Em janeiro de 2011, a Jordânia começou a atravessar uma onda de protestos por reformas políticas. Diante de uma população cada vez mais enfurecida, o rei Abdullah II anunciou a idealização de um governo parlamentar que poderia oferecer maiores possibilidades de participação popular, o que apenas foi alcançado, em tese, em janeiro de 2013.

Também em janeiro de 2011, Iêmen e Egito tiveram o início das manifestações por reformas políticas. No Iêmen, a situação se tornou ainda mais crítica devido ao alto nível de pobreza e a inserção da rede terrorista Al Qaeda no país. Após sofrer um ataque em seu palácio presidencial, o líder Ali Abdullah Saleh, que completou 33 anos no poder, procurou refúgio na Arábia Saudita. Em nome de uma imunidade contra acusações por crimes de guerra, Saleh entregou o cargo ao vice Abd-Rabbu Mansour Hadi, que assumiu a presidência em fevereiro de 2012.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

No Egito (‘Revolução de Lótus’), as manifestações se estenderam entre os meses de janeiro e fevereiro de 2011, o exército praticamente mudou de lado e após distúrbios e aproximadamente 846 mortos, em 18 dias, o ditador Hosni Mubarak, no poder desde 1981, renunciou ao cargo e uma Junta Militar assumiu o controle provisório do país até junho de 2012 quando foi eleito Mohamed Mursi, do Partido da Liberdade e Justiça, de orientação islâmica e ligado ao grupo Irmandade Muçulmana. Durante o ano de 2013 ocorreram diversos movimentos de oposição ao governo de Mursi por parte de liberais, movimentos esquerdistas e cristãos, contrários ao que chamam de islamização das instituições. O principal movimento de oposição a Mursi foi a Frente de Salvação Nacional, formado por partidos de diferentes orientações.

Com o aumento das tensões sociais os militares mais uma vez interferiram na vida política do país, obrigando Mursi a deixar o poder no início de julho de 2013, cerca de 1 ano após a sua vitória pelo voto democrático. As revoltas populares permaneceram, levando às ruas aqueles que apoiam Mursi e a Irmandade Muçulmana, e ao mesmo tempo aqueles que não aceitam as constantes intervenções dos militares, que dificultam a instalação de um regime democrático e o fortalecimento das instituições democráticas.

Veja também: Retrospectiva sobre os Movimentos no Mundo Árabe- Parte II


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

Escritor do artigo
Escrito por: Júlio César Lázaro da Silva Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Júlio César Lázaro da. "Retrospectiva sobre os Movimentos no Mundo Árabe - Parte I"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/retrospectiva-sobre-os-movimentos-no-mundo-arabe-parte-i.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante