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A arqueologia é uma disciplina que se ocupa da investigação dos indícios, ou vestígios, de civilizações e culturas passadas. O termo é composto pelos radicais gregos Arkhé, que significa tanto “início/começo” quanto “ordem/organização”, e Logia, que significa, por sua vez, “estudo/ciência”. As investigações arqueológicas têm por objetivo principal fornecer subsídios materiais, com datação temporal precisa, para a reconstrução do passado humano. Por isso essa ciência é tão importante para outras disciplinas, como a história e a antropologia.
Os primeiros interesses propriamente arqueológicos remontam à Idade Média. A busca pelas ruínas sagradas da Terra Santa (como o Templo de Salomão), levada a cabo pelos cavaleiros templários, já indicava a necessidade de encontrar fragmentos de civilizações antigas. Esses fragmentos possibilitavam um melhor entendimento do que se passou em tempos remotos. Com o Renascimento (século XV e XVI), houve a revalorização da cultura clássica greco-romana. As ruínas dos palácios, templos e esculturas antigas despertaram nos homens renascentistas o interesse em reproduzi-las, em saber como funcionavam seu processo de construção arquitetônica e que tipo de técnicas eram empregadas.
Mas só no século XIX a arqueologia viria a se consolidar. A decifração dos hieróglifos egípcios pelo francês Jean-François Champollion, entre 1822 e 1824, a partir de inscrições na Pedra de Rosetta, foi um pontapé inicial para que arquelogia ganhasse legitimidade. A Pedra de Rosetta havia sido encontrada entre ruínas, em solo egípcio, por soldados de Napoleão, em 1798. As ruínas e os grandes monumentos da antiga civilização egípcia mantinham guardados segredos para a compreensão de mais de 3 milênios de história. Dessa maneira, muitos pesquisadores se dirigiram ao Egito entre o fim do século XIX e o início do século XX. A arqueologia, enquanto ciência, nasceu com esses pesquisadores.
Dois dos maiores nomes dos primórdios da ciência arqueológica eram egiptólogos, isto é, especialistas em civilização egípcia, que trabalharam escavando em sítios arquelógicos do Egito. O primeiro é o britânico sir Flinders Petrie (1853-1942). Petrie começou trabalhando em sítios arqueológicos da Grã-Bretanha, como o famoso Stonehenge, mas foi no Egito que se destacou, ao desenvolver um sistema de investigação e classificação para os achados arqueológicos das grandes pirâmides do Vale de Gizé, próximas à cidade Cairo. O segundo é Howard Carter (1874-1939), assistente de Petrie, também egiptólogo, além do Egito também estudou os sítios arqueológicos da civilização da Núbia, e foi o responsável por encontrar a tumba do faraó Tutankhamon. Ainda no século XIX, temos a figura do alemão Heinrich Schliemann (1822-1890), responsável pela descoberta dos sítios arqueológicos da civilização micênica, que antecedeu as cidades-estado da Grécia Antiga.
No século XX, além das pesquisas arqueológicas sobre grandes civilizações antigas continuarem e se tornaram mais refinadas, houve também a expansão da arqueologia para áreas ainda mais remotas, como a Pré-história. Novos sistemas de datação, como o do Carbono-14 e da termoluminescência, auxiliaram os arqueólogos a precisar o tempo de ossadas humanas, bem como o de cerâmicas, tecidos, instrumentos de pedras etc. Nesse aspecto, a arqueologia caminha ao lado também da biologia (teoria da evolução e paleontologia), além de continuar articulando-se com a história e a antropologia.
No caso brasileiro, um dos exemplos de maior repercussão na área da arqueologia foi a descoberta do sítio arqueológico da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí. A descoberta foi feita pela arqueóloga paulista Niéde Guidon na década de 1960. Esse sítio compreende um dos locais com maior registro de pinturas rupestres do mundo. Em só ponto da Serra há um painel com mais de 3.000 imagens diferentes de pinturas, além de possuir também registros fósseis e outros tipos de vestígios que datam de milhares de anos antes de Cristo.
*Créditos da imagem: shutterstock e thomas koch
Por Me. Cláudio Fernandes