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Metropolização é o processo de crescimento urbano de uma cidade e sua constituição como centralidade de uma região metropolitana, isto é, de uma área composta por vários municípios que congregam a mesma dinâmica espaço-territorial. A metrópole passa a ser vista como a zona na qual as demais cidades tornam-se dependentes e interligadas economicamente. Entre os exemplos de metrópoles no Brasil, temos as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Goiânia, Porto Alegre e muitas outras.
Para entender a lógica da metropolização (e, posteriormente, da desmetropolização), é preciso considerar a seguinte premissa básica: a industrialização tende a induzir à urbanização, ou seja, quando uma cidade ou uma região se industrializam, a tendência é de que, com o tempo, a sua população se eleve, bem como o número de residências e o crescimento horizontal de seu espaço geográfico urbano.
Foi assim ao longo da história que narrou os sucessivos processos de industrialização ao redor do mundo e suas consequentes urbanizações e metropolizações. No século XVIII, no ápice da Revolução Industrial, as grandes cidades da Europa já apresentavam as maiores populações do mundo. No entanto, o ritmo do crescimento populacional intensificou-se cada vez mais.
No ano de 1850, Londres – então o principal centro mundial – alcançava os três milhões de habitantes; 50 anos depois, essa população já somava os sete milhões, graças aos efeitos gerados pelas duas primeiras Revoluções Industriais. Nova York, graças à grande onda migratória vinda da Europa e à industrialização e financeirização de sua economia, foi a primeira cidade a ultrapassar os 10 milhões de habitantes, na década de 1930.
Portanto, o que podemos notar é que as grandes capitais do mundo desenvolvido foram as primeiras a se industrializar e, portanto, as primeiras cidades a passarem pelo processo de metropolização. Sendo assim, até meados do século XX, cidades com grandes populações eram sinônimos de modernidade, o que foi se modificando nas décadas posteriores.
A partir da segunda metade do século XX, os países subdesenvolvidos passaram a se industrializar, graças à migração e expansão das indústrias e empresas multinacionais, que se instalaram em países periféricos em busca de fácil acesso a matérias-primas, mão de obra barata e amplo mercado consumidor. Assim, países como o Brasil conheceram então os seus processos de metropolização, como os que ocorreram em São Paulo e Rio de Janeiro, que, ao final do século, transformaram-se em megacidades (cidades com mais de 10 milhões de habitantes).
Os problemas da metropolização
Sabe-se que toda formação urbana ocorrida de forma rápida e desordenada provoca várias convulsões sociais e problemas econômico-estruturais. Nos séculos XVIII e XIX, as grandes cidades da Europa conheceram o caos graças às elevadas taxas de concentração urbana e às péssimas condições de trabalho às quais os trabalhadores (maioria da população) estavam submetidos. A urbanização descontrolada e a falta de estrutura para a população condicionam a formação do processo de macrocefalia urbana.
Em decorrência disso, os países desenvolvidos adotaram políticas de ordenamento e controle de suas cidades, praticando ora reformas urbanas, ora revitalizações de áreas antes relegadas ao acaso. Sendo assim, cidades como Paris, Londres e Nova York, apesar de ainda serem grandes megalópoles, abandonaram a liderança mundial em número de habitantes. Atualmente, esse posto pertence – com exceção de Tóquio – a cidades localizadas em países subdesenvolvidos. Essas cidades agora sofrem as mesmas convulsões sociais que as cidades desenvolvidas sofreram outrora, com o agravo de não disporem dos mesmos recursos financeiros para se livrarem de suas condições de miséria.
A desmetropolização e o crescimento das cidades médias
Você provavelmente já deve ter escutado alguma vez a seguinte frase: “vida na grande cidade não é fácil”. Os imóveis são sempre mais caros (e valorizam-se também mais depressa), o trânsito sempre apresenta problemas, tudo fica longe de tudo, isso sem falar de transtornos ambientais exclusivos das cidades, como as Ilhas de Calor e a Inversão Térmica.
Cidade de Mumbai (Índia), uma das maiores cidades do mundo e com grandes problemas urbanos, sociais e ambientais
Em razão dessa dinâmica caótica das grandes cidades, o seu espaço geográfico – salvo em alguns poucos casos, quando bons planejamentos urbanos são executados – torna-se pouco atrativo para o investimento e para a instalação de grandes empresas. Tal fator, associado à chamada “Guerra Fiscal”, possibilita a formação de um processo antigo nos países centrais e recente em países emergentes: a desmetropolização.
Esse processo ocorre quando há certa “fuga” de empresas que, em razão dos motivos acima explicitados, migram para o interior do país ou até mesmo para outras regiões do globo, desde que isso represente melhorias em seus serviços e aumento em seus lucros. Além disso, nos países que vão se industrializando, a tendência é a diminuição da oferta de matérias-primas e a consolidação de direitos trabalhistas, o que não interessa aos donos e acionistas das empresas que compõem o seio do grande capital.
Assim, ao mesmo tempo em que se observa a ocorrência da desmetropolização das grandes cidades (e a consequente queda em seus crescimentos populacionais), observa-se um crescimento das chamadas Cidades Médias e das Metrópoles de menor porte. Por isso, existem grandes preocupações de que, com o crescimento desordenado dessas cidades, os problemas urbanos antes vivenciados nas grandes metrópoles se repitam. Para evitar esse processo, é preciso que o Estado regule um pouco mais a economia, estabelecendo critérios e limites para a urbanização e industrialização das cidades, além de promover medidas de redução das desigualdades sociais e da adequação de infraestruturas nas periferias das grandes cidades.
Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia