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O Brasil, mesmo sendo uma potência no que se refere à disponibilidade de água em seu território, vem encontrando problemas com a escassez hídrica, em muitos casos causada pelo incorreto manejo de seus recursos, pela poluição e, também, pela utilização de forma não sustentável. No país, cerca de 72% de todo o consumo é realizado por sistemas de irrigação na agricultura, um número um pouco acima da média global (70%), mas muito abaixo da média dos países subdesenvolvidos (82%). Por isso, se adotadas medidas para a economia de água na irrigação, a preservação dos recursos hídricos poderá perpetuar-se com maior facilidade.
É importante lembrar, antes de tudo, que não se pode ver a irrigação como uma “vilã” do consumo de água no Brasil, haja vista que esse método é de suma importância para a produção de alimentos e também de produtos voltados para a exportação, além das matérias-primas. A grande questão é: como manter ou até aumentar os índices de produtividade atuais diminuindo o consumo de recursos hídricos? Há, portanto, a necessidade de se pensar a relação entre irrigação e economia de água.
Umas das formas de reduzir o gasto de água na agricultura é a adoção de métodos de irrigação voltados para isso, dos quais o mais conhecido é a irrigação por gotejamento. Trata-se de um tipo de irrigação em que, tal como o próprio nome sugere, a distribuição da água sobre a plantação é feita pelo derramamento de algumas gotas, que são suficientes para o atendimento das necessidades da plantação.
No sistema de gotejamento, a água corre por meio de tubos de polietileno sob pressão, de modo a se dirigir diretamente à raiz da planta, tendo um nível de aproveitamento de cerca de 95%. Com essa técnica, o desperdício de água em razão da evaporação ou pelo uso desmedido é praticamente nulo, o que ajuda a manter a produtividade das lavouras de maneira sustentável, ao menos sob o viés hídrico. Além disso, o impacto sobre os solos é mínimo, pois não há escoamento superficial da água e o nem impacto da queda no chão.
Irrigação por gotejamento em uma lavoura de mirtilo (blueberry)
Cultivo de vegetais realizado por gotejamento
Geralmente, a irrigação por gotejamento é aliada à fertirrigação, que é a fertilização combinada com a irrigação por meio da adição de nutrientes, geralmente sais ou adubos minerais, tais como o nitrato de cálcio, o potássio e outros. Assim, como o gotejamento permite um fornecimento gradual de água para o solo, sua absorção acontece mais facilmente, propiciando um melhor aproveitamento dos recursos.
Ainda existem outros sistemas de irrigação localizada, realizados próximo ao solo, que também permitem a economia de água, embora não tanto quanto a técnica do gotejamento. Um deles é a microaspersão, em que pequenos microaspersores de água são posicionados para distribuir água por um espaço próximo. Existem modelos que também permitem o uso em áreas maiores, embora o gasto seja inevitavelmente maior.
Além disso, o uso da tecnologia também pode favorecer a economia de água na agricultura. Em vários casos, programas de computadores são elaborados para fornecer informações sobre a umidade dos solos e do ar, a temperatura, entre outros fatores. Assim, consegue-se calcular mais precisamente a quantidade de água a ser utilizada na irrigação, o que diminui consideravelmente o desperdício.
Portanto, podemos perceber que existem diversas formas de economizar água na irrigação, o que pode ser importante para a preservação dos recursos hídricos tanto regionalmente quanto em termos globais. Estudos realizados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) revelam que uma economia de 10% na irrigação seria o suficiente para abastecer por duas vezes a população mundial.
Por Me. Rodolfo Alves Pena