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“Você pode estar se perguntando por que o secretário-geral das Nações Unidas está escrevendo sobre futebol. Mas a Copa do Mundo faz com que nós, nas Nações Unidas, morramos de inveja. Como o único jogo realmente global, praticado em todos os países, por todas as raças e religiões, é um dos poucos fenômenos tão universais quanto as Nações Unidas. Podemos até dizer que é ainda mais universal. A FIFA tem 207 membros. Nós temos 191.(...)” Trecho retirado de artigo escrito por Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, para a Folha de São Paulo, em 09 de junho de 2006.
O parágrafo anterior resume a ideia do fenômeno que é a Copa do Mundo: o trecho destacado compara a FIFA (Federação Internacional de Futebol) às Organizações das Nações Unidas, órgão mundial cujo objetivo principal é o de mediar as relações internacionais, tendo a paz como meta. Ora, a ONU, o órgão mais importante da comunidade internacional, tem menos membros do que a FIFA: esse é um dado alarmante. Isso mostra que não temos consciência real do significado desse torneio.
História da Copa do Mundo
Historicamente, a Copa do Mundo surgiu como fruto do antigo Torneio Olímpico de Futebol, realizado em 1924, na França, e organizado pela FIFA. O sucesso do evento foi tão grande que se pensou em eleger o melhor time internacional de futebol a cada quatro anos, independentemente dos Jogos Olímpicos. A primeira Copa aconteceu em 1930, no Uruguai. A escolha pelo país ocorreu em virtude de o Uruguai ter sido considerado o melhor time na época, uma vez que venceu o Torneio Olímpico duas vezes consecutivas. A primeira Copa do Mundo foi organizada nos mesmos moldes dos Jogos Olímpicos, em que apenas uma cidade oferecia as instalações esportivas. A partir da segunda edição, em 1934, tornou-se regra distribuir os jogos pelo país que sedia o evento.
Importância da Copa do Mundo
Um estudo de Orlando Duarte apresenta o aumento da popularidade da Copa do Mundo desde 1930 até o evento de 2002. Os dados variam de 434.500 pessoas no evento inicial, atingindo, em 2002, 2,5 bilhões de espectadores. É preciso lembrar que, em 1930, não existia televisão e havia muitas limitações nos meios de comunicação, fato inimaginável nos dias de hoje. Essa visibilidade mundial que a Copa do Mundo possui faz dela um grande evento comercial. Isso significa que a FIFA construiu um negócio bilionário, vendendo a sua marca e seus direitos televisivos ao oferecer às empresas globais a maior oportunidade publicitária do mundo.
Outra coisa importante para pensar é que não é apenas de futebol que vive a Copa do Mundo: economia e política também fazem parte do pacote! A escolha do país-sede do evento ocorre a partir de acordo entre investidores e instituições governamentais a partir de interesses políticos e econômicos comuns. Além disso, a tensão da realização do evento é tão grande que a FIFA tem recorrido a coberturas financeiras contra possíveis cancelamentos de Copa do Mundo. Um exemplo que ficou bastante famoso foi o da Copa de 2002, ocorrida no Japão e na Coreia do Sul, em que a FIFA se assegurou contra cancelamentos decorrentes de terremotos ou de instabilidade política.
Os interesses envolvidos em um evento do nível da Copa do Mundo de Futebol são muito maiores do que o simples amor pelo esporte. Mas é claro que isso acontece por parte de quem organiza. O lado de quem torce não tem economia e não tem política: o espectador quer ver o seu país vencer e, de preferência, com futebol bonito. É só quando vemos um país inteiro parar para ver um jogo de futebol na televisão que conseguimos compreender as palavras de Kofi Annan.
Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP