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A toxoplasmose é uma doença causada por um protozoário, o Toxoplasma gondii, o qual apresenta felinos como hospedeiro definitivo e o homem, além de alguns outros animais vertebrados, como hospedeiros intermediários. É uma doença com distribuição geográfica mundial, sendo uma zoonose bastante difundida. Geralmente, é uma doença assintomática em pacientes sem imunidade comprometida, entretanto, mostra-se especialmente perigosa em casos de gravidez.
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Tópicos deste artigo
- 1 - → Ciclo de vida do Toxoplasma gondii
- 2 - → Transmissão da toxoplasmose
- 3 - → Sintomas da toxoplasmose
- 4 - → Toxoplasmose ocular
- 5 - → Toxoplasmose na gravidez
- 6 - → Tratamento da toxoplasmose
- 7 - → Prevenção da toxoplasmose
→ Ciclo de vida do Toxoplasma gondii
O Toxoplasma gondii é um protozoário que infecta diferentes tipos de animais homeotérmicos, incluindo aves e mamíferos. Felinos, por exemplo, o gato doméstico, são seus únicos hospedeiros definitivos, porém outras espécies de vertebrados podem atuar como hospedeiros intermediários, sendo esse o caso do homem.
Durante o ciclo do Toxoplasma gondii, observamos três estados infectantes: oocistos, taquizoítos e bradizoítos. Os oocistos, que contêm os esporozoítos, são estágios formados no ciclo intestinal do protozoário que ocorre no trato intestinal dos felídeos. O estágio de taquizoíto é encontrado durante a fase aguda da infecção. Já o estágio de bradizoítos é encontrado dentro de cistos teciduais na fase crônica da doença.
Os felinos são os únicos hospedeiros definitivos do Toxoplasma gondii, portanto, desempenham um papel fundamental na transmissão da toxoplasmose. |
Os felinos são infectados, geralmente, quando ingerem tecidos do hospedeiro intermediário, como roedores e aves, com bradizoítos ou ainda quando ingerem oocistos esporulados de ambientes contaminados. No tubo digestório dos felinos, os cistos teciduais são rompidos e os bradizoítos liberados.
Posteriormente, os bradizoítos invadem a mucosa do intestino, diferenciam-se e reproduzem-se. O oocisto é formado e eliminado de forma imatura nas fezes. Logo após eliminado, inicia-se o processo de esporulação, que resulta no oocisto infectante.
Os hospedeiros intermediários infectam-se ao ingerir o oocisto o qual pode estar contaminando o solo ou alimento. O hospedeiro intermediário pode também ingerir tecido de hospedeiros intermediários contaminados. As formas parasitárias ingeridas rompem-se e liberam esporozoítos (quando foi ingerido oocisto) ou bradizoítos (quando foi ingerido tecido com cistos teciduais) que invadem células nucleadas.
Cada parasita no interior da célula é um taquizoíto. O taquizoíto, então, divide-se várias vezes de forma assexuada até ocasionar o rompimento da célula. Esse processo ocorre sucessivas vezes e os taquizoítos migram para vários órgãos pelo sistema vascular.
Observe a invasão do Toxoplasma na célula e sua posterior replicação.
A formação dos bradizoítos ocorre quando o hospedeiro intermediário começa a desenvolver imunidade. Com o desenvolvimento da resposta imunológica, os taquizoítos transformam-se em bradizoítos e apresentam uma divisão mais lenta e passam a formar os cistos teciduais.
Leia também: Protozoários
→ Transmissão da toxoplasmose
A toxoplasmose é transmitida para o homem, principalmente, devido à ingestão de oocistos, os quais podem estar presentes no solo, água e alimentos de origem vegetal, ou por meio da ingestão de carne apresentando cistos teciduais. No caso do homem, não podemos deixar de citar que a transmissão pode ser também congênita, ou seja, passada da mãe para o bebê durante a gestação.
As fezes do gato são responsáveis por liberar oocistos no meio ambiente.
→ Sintomas da toxoplasmose
Na maioria dos casos, a toxoplasmose é uma doença assintomática, ou seja, que não causa sintomas. Entretanto, em uma menor quantidade de indivíduos, podem ocorrer algumas manifestações clínicas, como fraqueza sem febre e linfadenopatia (alteração nos linfonodos).
A linfadenopatia pode ser acompanhada de febre, dor muscular, mal-estar, dor de cabeça, dor durante a deglutição do alimento, irritação na pele e hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e baço). Em pacientes imunocomprometidos, podem ser observadas a encefalite (inflamação no cérebro), miocardite (inflamação no músculo do coração) e pneumonite (inflamação no pulmão).
→ Toxoplasmose ocular
A toxoplasmose ocular é ocasionada pelo Toxoplasma gondii ao infectar a região do olho. O que se observa muitas vezes nessas situações é que o protozoário ao infectar essa área desencadeia cicatrizes que resultam em uma diminuição da clareza da visão (reduz a acuidade visual).
O indivíduo com toxoplasmose ocular pode apresentar ainda dor nos olhos e ter a pressão intraocular elevada, além do surgimento das moscas volantes (manchas na visão). Vale salientar que, algumas vezes, a toxoplasmose ocular manifesta-se de maneira atípica, o que pode dificultar o disgnóstico correto. O tratamento depende da lesão no olho e da saúde do paciente.
→ Toxoplasmose na gravidez
Na gravidez, a infecção por Toxoplasma gondii pode causar sérios problemas para a criança, uma vez que a mãe pode infectar o feto. Na toxoplasmose congênita, o Toxoplasma gondii é passado por transferência transplacentária ao bebê, desencadeando uma série de problemas, principalmente, naqueles infectados nas fases iniciais da gestação.
Estima-se que aproximadamente 40% das gestantes que apresentam toxoplasmose aguda transmitem o Toxoplasma ao bebê. |
A toxoplasmose congênita pode desencadear, por exemplo, anormalidades visuais e neurológicas, restrição do crescimento intrauterino, prematuridade, macro ou microcefalia, icterícia, entre outros problemas. Vale salientar que a maioria dos bebês com toxoplasmose congênita nasce sem sintomas, porém, sequelas tardias são frequentes na toxoplasmose congênita que não foi tratada.
Devido aos riscos que a toxoplasmose pode causar na gravidez, é essencial realizar exames durante o pré-natal. Esses exames permitem a detecção do problema e a realização de um tratamento que pode evitar a contaminação do feto.
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→ Tratamento da toxoplasmose
A toxoplasmose não é tratada em pacientes que não apresentam a saúde debilitada. Em gestantes, faz-se o uso da espiramicina, que reduz as chances de transmissão de toxoplasmose para o bebê. Quando há a confirmação da infecção fetal, o tratamento é baseado no uso de sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. Pacientes com a imunidade comprometida ou que desenvolveram complicações também necessitam de atenção especializada.
→ Prevenção da toxoplasmose
Durante a gestação, recomenda-se que a mulher não limpe a caixinha de areia com fezes do gato.
A toxoplasmose pode ser prevenida com algumas medidas bastante simples, tais como:
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Higienizar bem as frutas, legumes e verduras.
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Beber água tratada ou fervida.
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Cozinhar bem os alimentos.
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Não comer carne crua ou malpassada.
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Congelar a carne a uma temperatura interna de -12º C.
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Não utilizar os mesmos utensílios domésticos utilizados em carne para preparar vegetais.
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Evitar contato com fezes de felinos.
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Alimentar felinos com ração para evitar infecção. É importante nunca alimentar gatos com carne crua ou malpassada.
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Mudar a caixinha de areia dos gatos diariamente.
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Grávidas e indivíduos com a imunidade debilitada devem manusear o solo apenas com luvas.
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Lavar sempre bem as mãos após manipular areia e gatos.
Por Ma. Vanessa Sardinha dos Santos