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No processo de formação das monarquias nacionais, já nos finais da Idade Média, observamos que vários segredos e tesouros do Estado eram guardados de forma bastante cuidadosa. Afinal de contas, os tratados e tesouros eram itens de suma importância na garantia dos interesses de um monarca ou no fortalecimento econômico de uma nação. Nesse contexto, observamos que era bastante comum a utilização de baús, que eram guardados sobre o mais absoluto sigilo.
Tal hábito foi o grande responsável pela concepção do termo “guardado a sete chaves”, corriqueiramente utilizado quando devemos guardar ou estamos guardando um segredo de suma importância. Na verdade, a relação do termo com o antigo hábito das cortes se dá pela utilização de diferentes chaves no processo de fechadura desses baús. Só que, ao invés de sete chaves, os baús daquela época contavam com apenas quatro chaves que eram distribuídas entre pessoas de inteira confiança do monarca.
Desse modo, fica ainda a curiosa pergunta: “Se os baús do período eram de quatro chaves, por que falamos que o segredo está guardado a sete chaves?”. É nessa hora que a religiosidade e o misticismo daqueles tempos entram em ação para explicar essas “outras chaves” da nossa expressão investigada. Já na Antiguidade, muito antes do surgimento de monarquias nacionais, o número sete era empregado como um poderoso símbolo de perfeição e sacralidade.
Algumas antigas religiões do Crescente Fértil realizavam rituais de adoração aos sete planetas conhecidos até aquela época. No período medieval, as cartas de testamento eram lacradas com sete selos e a formulação desses mesmos documentos também contava com a participação de sete testemunhas. Na própria narrativa bíblica, o número sete aparece várias vezes como meio de se referir à figura divina ou às ações executadas de forma perfeita.
De tal modo, quando dizemos que um segredo ou tesouro é “guardado a sete chaves”, rememoramos toda essa tradição simbólica conferida ao número sete. Pelo visto, a origem e os segredos que envolvem a explicação desse termo já têm todas as suas sete chaves destrancadas.
Por Rainer Sousa
Mestre em História