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Conforme observado por muitos especialistas em História do Brasil, o acesso à carne nos tempos coloniais era coisa bastante cara e difícil de resolver. Somente os grandes proprietários de terra tinham a oportunidade de consumir uma peça de carne fresca. Para o restante da população sobravam as carnes de menor valor e procedência. Dessa forma, foi necessário se adaptar ao ambiente hostil aproveitando os produtos de origem animal de toda a forma.
Em muitos casos, a criação caseira dos porcos era uma solução para a carestia de proteínas daquele tempo. Entre outros derivados, a linguiça era uma interessante alternativa em que qualquer tipo de carne e gordura servia para encher as tripas que embalavam o produto. De tão recorrente, o hábito de “encher linguiça” deixou de ser apenas uma tarefa doméstica para também se transformar em mais uma de nossas expressões idiomáticas.
Geralmente, a expressão é utilizada quando alguém fica estendendo um assunto com detalhes ou questões sem a menor importância. O “enchedor de linguiça” também pode ser reconhecido naqueles típicos sujeitos que arranjam qualquer assunto desinteressante para impressionar alguém ou matar o tempo. Não se restringindo ao mundo da fala, a habilidade de encher linguiça também serve para os alunos que tentam ganhar pontos em uma avaliação com respostas prolixas e nada objetivas.
Nos frigoríficos modernos, a fabricação de linguiças é resultado de um processo bastante criterioso. A qualidade das carnes e o percentual de gordura empregado seguem normas criadas por especialistas. Dessa forma, vemos que a falta de critério para se encher linguiça acabou ficando por conta de quem fala demais, mas não tem nada de interessante a dizer.
Por Rainer Sousa
Graduado em História