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Como é de nosso conhecimento, os fungos exercem excelente papel na reciclagem de substâncias orgânicas do ambiente. Tal capacidade pode ser vista por algumas pessoas, em determinados casos, como uma desvantagem - já que estes podem, por exemplo, contaminar cereais estocados ou destruírem artefatos de couro e madeira. Além disso, o fato de serem agentes causadores de micoses, alergias, e de ferrugens de plantações, fazem com que nem sempre tais organismos sejam vistos com tanta simpatia.
Este artigo tem o intuito de apontar o, digamos, “lado bom” desses seres heterotróficos, filogeneticamente mais próximos dos animais do que das plantas.
Indivíduos do gênero Penicillium, por exemplo, são capazes de produzir substâncias que agem no sentido de combater determinadas bactérias, como as causadoras da tuberculose, sífilis, meningite e gonorreia. Esta, descoberta em 1928 por Alexandre Fleming, é considerada pelos médicos mais antigos como o maior milagre da medicina, já que foi capaz de tratar diversas doenças que, até então, eram consideradas incuráveis.
Já espécies pertencentes ao gênero Aspergillius podem auxiliar na fabricação de progesterona e de ácido cítrico; e na confecção de determinados tipos de queijo, como os Roquefort e Camembert. Graças a este grupo, o saquê, missô e tofu puderam fazer parte do cardápio de diversas pessoas no mundo. Champignons, bastante apreciados na culinária, inclusive na cozinha vegetariana, pertencem ao gênero Agaricus e são bastante ricos em proteínas.
Leveduras, fungos unicelulares, podem ser úteis na fabricação de bebidas alcoólicas, como cervejas e vinhos (gênero Saccharomyces), e também nos processos de panificação, provocando o aumento da massa de pães.
Diversas plantas vasculares exercem relação de simbiose com fungos, em suas raízes. Esta associação – micorriza - confere uma melhor absorção de nutrientes e água pelo vegetal que, em troca, fornece energia e carbono a esses organismos.
Ainda sobre relações ecológicas, não podemos deixar de fora os liquens: associações mutualísticas entre algas, principalmente cianofíceas, e algumas espécies de fungos.
Certos tipos de líquen podem ser úteis como fontes de alimento, ou mesmo na fabricação de corantes, como os do papel de tornassol (utilizado para medir o pH de substâncias). Além disso, podem fixar nitrogênio; são bioindicadores da qualidade do ambiente e executam papel primordial nas sucessões ecológicas, uma vez que propiciam a chegada de outros organismos no ambiente, ao degradar rochas, auxiliar na formação do solo e ocupando o ambiente como seres pioneiros.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia