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O mundo conectado
A interconectividade do mundo atual é a maior das consequências do fenômeno da globalização. Em todos os sentidos, a globalização encolheu o mundo, encurtou distâncias e possibilitou o contato entre partes distantes, antes inalcançáveis. Ao mesmo tempo em que encurtou distâncias, a globalização, mais especificamente a internet, agigantou nosso mundo perceptível, de forma que com apenas um clique de um mouse é possível vislumbrar realidades de todos os cantos do mundo e em um espaço de tempo minúsculo. Essa conexão, no entanto, vai além da informação: ela permite a interação constante entre pessoas e grupos de regiões absolutamente distantes e diferentes.
Laços virtuais, sentimentos reais
A interação com o outro distante não se dá de outra forma, por meio da internet, se não virtualmente. Porém, isto não é barreira para que laços emocionais se formem entre esses que se conhecem e criam laços de amizade dentro desse mundo. Os relacionamentos virtuais se diferem na maneira como os indivíduos mantém contato e por muitas vezes, apesar da ausência de contato físico entre as partes, os laços sentimentais que se formam podem se tornar tão profundos quanto os que estabelecemos na “vida real”. Na verdade, poderíamos observar que o contraponto dessa falta de contato físico é a possibilidade do contato constante e ininterrupto enquanto for do interesse das partes envolvidas. O contato por proximidade física, ainda que a distância não seja um problema tão grande, é muitas vezes impossibilitado pela nossa limitação em estar fisicamente em apenas um lugar de cada vez, enquanto que no mundo virtual podemos estar presentes em uma série de eventos e manter contato constante com quem desejamos.
As salas de bate-papo, as redes sociais e os jogos on-line são plataformas que permitem a interação direta entre pessoas que naturalmente se agruparam em torno de seus interesses. Essa forma de agrupamento por interesse, que também existe em menor escala em nosso convívio no mundo real, acaba sendo a principal alavanca para que o contato se inicie. A busca pelo sentimento de pertencimento é o que acaba se tornando o motor para a construção de comunidades virtuais, onde indivíduos diferentes se reúnem em torno de um ponto de interesse comum. A identidade desse grupo é construída e mantida por aqueles que a constituem, podendo deixar de existir da noite pro dia ou existir por anos, podendo transpassar o mundo virtual.
Mundo virtual, problemas reais
Embora possam ser tão fortes quanto laços de relacionamentos que se constroem no mundo real, os relacionamentos virtuais estão sujeitos à insegurança do anonimato que a internet proporciona. A identidade de um sujeito pode ser tanto real quanto inventada, podendo ter desde a manipulação com fins perversos até a construção de uma persona para fins de entretenimento de seu criador. É neste ponto que os relacionamentos virtuais devem ser ponderados de forma cuidadosa por aqueles que resolvem se aventurar no mundo virtual. A ilusão de intimidade e proximidade que estes relacionamentos podem possuir, pode acabar por se tornar uma armadilha para os mais emocionalmente vulneráveis.
Para os mais vulneráveis, a internet pode passar a se tornar um catalizador para possíveis problemas de socialização. Alguns autores da sociologia argumentam, como Anthony Giddens nos informa, que é possível que as pessoas estejam dedicando menos tempo à interação com os outros no mundo físico. Estes teóricos temem que a internet acabe por se tornar um refúgio para aqueles que desejam, por um motivo ou outro, escapar das interações sociais do mundo real.
Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia