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A borracha natural é um polímero (macromolécula) formado a partir de moléculas de isopreno (metilbut-1,3-dieno). Ela costuma ser obtida por meio da extração do látex da seringueira (Havea brasiliensis), como a mostrada abaixo:
O látex (borracha natural) é extraído da seringueira (Hevea brasiliensis)
Esse látex é coado e recebe a adição de amônia (NH3) para conservá-lo e também de vários ácidos ou sais conservantes para que ele passe por um processo de coagulação e separe-se do líquido, formando uma massa branca pastosa, que é moída e processada para remover possíveis contaminantes e secar.
No entanto, a borracha, dessa forma crua, apresenta algumas características indesejáveis para a sua utilização pela indústria, como baixa resistência à tração, solubilidade em solventes orgânicos, facilidade de ser oxidada e baixa resistência ao calor e à variação de temperatura, pois, em dias quentes, ela fica mole e pegajosa, enquanto, em dias frios, ela fica dura e quebradiça.
Para sanar esses problemas, a borracha passa por um processo chamado de vulcanização e que foi descoberto por acidente em 1838 por Charles Goodyear (1800-1860), quando ele deixou cair uma mistura de borracha e enxofre sobre o fogão quente e ele notou que essa mistura queimou um pouco, mas não derreteu.
Charles Goodyear
Assim, a vulcanização é a adição de enxofre à borracha, sob aquecimento e com o uso de catalisadores. Observe no esquema abaixo que as ligações duplas do poli-isopreno (polímero da borracha) são rompidas e formam-se pontes de enxofre, ou seja, ligações laterais entre as cadeias, tornando-se o polímero tridimensional:
Processo de vulcanização da borracha
Essas pontes de enxofre fazem com que a borracha apresente baixa histerese e baixa deformação permanente. A histerese refere-se ao atraso da resposta de um sistema quando se faz alguma solicitação externa. Por exemplo, se você apertar um pedaço de borracha crua, ela demorará a voltar ao formato inicial, isso significa que ela tem alta histerese. Já a borracha vulcanizada voltará rapidamente ao seu formato original, pois as pontes de enxofre entre as cadeias são bastante flexíveis e permitem que essas cadeias deslizem facilmente umas sobre as outras. O material fica mais resistente também porque as pontes de enxofre dificultam o rompimento da borracha quando ela é esticada.
A proporção de enxofre adicionado à borracha na vulcanização varia entre 2 e 20%, dependendo do que se deseja, sendo que, quanto mais enxofre for adicionado à borracha, maior será a sua dureza. Veja:
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Borrachas comuns: 2 a 10% de teor de enxofre;
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Borrachas usadas em pneus: 1,5 a 5% de teor de enxofre;
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Borrachas empregadas em revestimentos protetores de máquinas e aparelhos de indústrias químicas: cerca de 30% de teor de enxofre.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química