PUBLICIDADE
Conforme explanado no texto “Teoria do Flogístico”, por muito tempo se acreditou que tal teoria fornecia a explicação para a o fenômeno da combustão. Ela dizia que os materiais combustíveis possuíam um princípio comum inflamável presente apenas neles, que ficou conhecido como flogístico. Se algum material não queimasse, é porque não teria flogístico em sua composição.
No entanto, alguns cientistas começaram a discordar dessa conclusão, pois, além de haver várias contradições nessa teoria, os experimentos realizados trouxeram outras evidências, antes inexistentes, que conduziram esses estudos para outro rumo.
Um cientista que se destacou nesses estudos da combustão foi Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794). Um de seus experimentos mais famosos consistiu em colocar, em uma retorta, uma amostra cuidadosamente pesada de mercúrio metálico e introduzir o tubo da retorta em uma redoma ou cuba de vidro contendo ar e também mercúrio em sua base.
Ele aqueceu essa retorta com mercúrio por meio de um forno, causando sua calcinação. Lavoisier observou que à medida que a reação ia ocorrendo, formava-se nas paredes da retorta um pó vermelho, o óxido de mercúrio II, e ao mesmo tempo o volume do mercúrio na cuba ia subindo. Isso significava que o volume de ar estava diminuindo, pois ele estava sendo substituído pelo mercúrio, conforme pode ser visto na figura abaixo. Ao pesar o sistema inicial e o final, Lavoisier viu que a massa não havia mudado.
Assim, Lavoisier concluiu que a combustão não ocorria por causa da presença de um flogístico misterioso, mas sim porque o mercúrio ou qualquer outro material combustível reagia com outro elemento presente no ar.
Ao mesmo tempo, o cientista inglês Joseph Priestley mostrou para Lavoisier que havia descoberto uma espécie de “ar”, que ele chamou de “ar desflogisticado”. Através de seus próprios experimentos, Lavoisier conseguiu produzir esse ar e realizou outros experimentos com ele.
Por exemplo, ele colocou uma cuba de vidro sobre uma vela acesa em uma boia com água. Ele notou que, à medida que a vela ia se apagando, a água subia. E quando a água atingia um quinto do volume, a vela apagava totalmente. A conclusão foi a seguinte:
(1º) a água subia porque a vela estava consumindo o ar;
(2º) o “ar desflogisticado” não era o ar atmosférico todo, mas sim a quinta parte dele.
Assim, Lavoisier descobriu que esse ar estava misturado com todo o ar atmosférico e que ele era necessário para a combustão; sem ele, a combustão não ocorria. Lavoisier foi até mesmo o primeiro a fazer uma determinação experimental da composição do ar, chegando ao resultado de 21% de oxigênio e 79% de outro componente, que ele chamou de azoto, um “tipo de ar” que não participava na combustão. Hoje sabemos que se tratava do gás nitrogênio.
Inicialmente ele chamou o ar desflogisticado de “ar respirável” e depois mudou para “ar vital”. Somente em 1778 Lavoisier decidiu batizar o “ar vital” de oxigênio (palavra que vem do grego oxy, que significa “ácido”; e gen, “gerador ou produto”). Ele deu esse nome porque até então seus experimentos o haviam levado à conclusão de que esse novo gás estava presente em todos os ácidos; o que depois se comprovou ser uma conclusão errada, mesmo assim o nome permaneceu.
Até então o oxigênio não era considerado como um elemento químico, conforme conhecemos hoje, porque na época ainda não havia uma definição concisa para elemento.
Carl Wilhelm Scheele foi o primeiro a isolar o oxigênio, no entanto, ele não viu a importância da descoberta que atingira por estar ainda muito ligado à teoria do flogístico. Foi Lavoisier que interpretou e mostrou o papel do oxigênio na combustão.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química