A língua portuguesa é repleta de regrinhas gramaticais que, muitas vezes, deixam os falantes um pouco confusos. Um dos aspectos da gramática que, comumente, são atingidos por inconvenientes desvios é a pontuação. As regrinhas de pontuação pouco são evidenciadas na oralidade, visto que, quando falamos, utilizamos outros recursos para marcar esses sinais, tais como entonação de voz e gestos. Dessa forma, imagine a nossa dificuldade em empregar corretamente na escrita algo que pouco acessamos para utilizar na língua na forma mais recorrente, que é a fala. Não é uma tarefa das mais fáceis.
Foi pensando nisso que a equipe do Brasil Escola decidiu produzir este texto. A nossa intenção é tornar mais acessíveis os casos de uso de um dos sinais de pontuação que mais geram confusão na língua escrita: as aspas (indicadas pelos sinais “”).
Quando empregar corretamente as aspas:
Caso 1: Em citações, declarações e transcrições.
→ Leonardo Sakamoto, jornalista e cientista político, alerta-nos sobre o perigo da disseminação de mentiras pela rede (internet). O autor destacou em seu texto que esse cenário “talvez seja um dos maiores desafios que teremos nos próximos anos.”
→ Ainda bem que nunca me disseram para ser “gauche na vida”. (“gauche na vida”: expressão retirada do poema “Sete Faces” de Carlos Drummond de Andrade).
→ Como declarou Marx: “As revoluções são a locomotiva da história.”
→ “Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.” (Machado de Assis, Verba Testamentária, 1882.)
Caso 2: Quando desejamos marcar ironia ou destacar uma palavra ou expressão usada fora do contexto habitual.
→ Os filhos dele são “supereducados”. No final da festa, foi uma briga danada. (ironia)
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→ No meu horário da faculdade tem uma “janela”. (“janela”, nesse caso, significa que há um horário vago entre outros dois horários de aula.)
Caso 3: Quando desejamos enfatizar o sentido de alguma palavra ou expressão.
→ O “não” que eles escutaram foi bem claro.
Caso 4: Quando utilizamos estrangeirismos, neologismos e gírias.
→ A equipe de avaliadores entregará o “feedback” na próxima semana.
→ Aquela gente é um bando de “falsiane” (“falsiane” é uma gíria utilizada para caracterizar pessoas que não são confiáveis.).
→ Carlos foi só “laranja” naquele esquema.
Caso 5: Quando indicamos o nome de obras literárias ou artísticas, títulos de textos jornalísticos ou de palestras e apresentações.
→ O professor Wilton, autor de “Cotidianas transgressões”, estará aqui no próximo mês.
→ Foi incrível observar de perto “O grito”, de Munch.
→ Ontem eu passei o dia todo no simpósio. “O estilo parisiense e suas influências na moda contemporânea” foi uma ótima palestra.
Observação: nesses casos, você poderá optar por não utilizar as aspas e marcar as palavras em itálico (quando a letra fica levemente inclinada para a direita). Nessa situação, os dois recursos, itálico e aspas, não devem ser empregados ao mesmo tempo. Você deve escolher apenas um.
- A obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, é um clássico na literatura brasileira.
OU
- A obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, é um clássico na literatura brasileira.
Aspas simples
As aspas simples são sinais utilizados para indicar trechos do texto que já está entre aspas.
→ E Marina achava graça da situação: “Aquele rapaz é um 'amor' de pessoa.”
Por Mariana Pacheco
Graduada em Letras