Tópicos deste artigo
O que é o Einsatzgruppen?
O Einsatzgruppen era uma unidade especial criada pelos nazistas em 1938 durante a anexação da Áustria (chamada de Anschluss) para realizar a perseguição e execução dos opositores do regime. Com o início da guerra, a atuação dessa unidade foi expandida para a Polônia e depois para todo o front oriental da guerra contra a União Soviética.
O Einsatzgruppen, “força-tarefa” em alemão, era formado por membros da Gestapo (polícia secreta), da Wehrmacht (exército alemão) e da Schutzstaffel, a SS (unidade paramilitar do Partido Nazista). Ele foi criado por Reinhard Heydrich, também conhecido por ter sido, juntamente a Heinrich Himmler, um dos elaboradores do holocausto.
Atuação do Einsatzgruppen no Leste Europeu
Inicialmente, a atuação do Einsatzgruppen na Polônia foi contra a intelligentsia local, ou seja, contra a elite intelectual polonesa. O historiador Timothy Snyder chamou esses grupos de “soldados ideológicos”|1|. A intenção da Alemanha ao exterminar a elite intelectual polonesa era minimizar as possibilidades de resistência da sociedade desse país contra a ocupação nazista.
Essa ação do Einsatzgruppen resultou na morte de cerca de 50 mil poloneses|2| e assemelhou-se à prática da polícia secreta soviética (NKVD) contra a intelligentsia polonesa no leste do país no mesmo período. A partir de julho de 1941, esse grupamento passou a exterminar os judeus.
Einsatzgruppen durante a Solução Final
Em julho de 1941, Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich convenceram Hitler a iniciar a Solução Final, o plano de extermínio dos judeus da Europa. Inicialmente, o líder nazista havia deixado a realização desse plano somente para o final da guerra, mas, a partir da argumentação de Himmler e Heydrich, Hitler autorizou a execução do genocídio.
Assim, “em julho de 1941, Himmler fez uma viagem particular por todo oeste da União Soviética a fim de transmitir a última informação: mulheres e crianças judias deviam ser eliminadas junto com os homens judeus. As forças terrestres reagiram imediatamente”|3|. A execução dessa ordem foi realizada por três Einsatzgruppen, cada qual responsável por uma área:
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
-
Einsatzgruppen A: atuava nos países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia);
-
Einsatzgruppen B: atuava na Bielorrússia;
-
Einsatzgruppen C: atuava na Ucrânia.
A busca do Einsatzgruppen pelos judeus era extremamente organizada, além de haver um grande controle sobre as regiões em que era estabelecida a perseguição desse povo. Ao todo, essa unidade chegou a mobilizar cerca de 20 mil soldados no Leste Europeu, que executavam suas vítimas pelo fuzilamento.
O massacre de Babi Yar
Antes da guerra, Kiev possuía cerca de 160 mil judeus, o que representava em torno de 20% da população da cidade. Com a invasão nazista, por volta de 100 mil conseguiram fugir, e os 60 mil restantes ficaram sob o domínio dos nazistas.
Durante a ocupação alemã sobre essa cidade, dois prédios usados pelos nazistas foram atacados à bomba por membros da polícia secreta soviética. O ataque foi usado pela Alemanha como pretexto para massacrar a população judia de Kiev. Assim, todos os judeus foram convocados a comparecer em determinado bairro da cidade em 29 de setembro de 1941.
O objetivo dos nazistas era agrupar toda a população judia para executá-la. No dia, segundo os relatos, formou-se uma grande fila e, sistemicamente, os judeus eram acompanhados por tropas para uma vala comum onde eram fuzilados. O massacre de Babi Yar foi feito pelo Einsatzgruppen C e foi responsável pela morte de 33.761 pessoas.
Campos de extermínio
A função do Einsatzgruppen na execução dos judeus foi substituída pelo uso da câmara de gás nos campos de extermínio. Essa mudança deveu-se ao fator psicológico que as execuções causavam nos soldados do Einsatzgruppen, principalmente quando as vítimas eram mulheres e crianças. Com o uso do gás Zyklon B, os nazistas conseguiram ampliar o número de pessoas mortas e tornaram o genocídio impessoal.
|1| SNYDER, Timothy, Terras de sangue: a Europa entre Hitler e Stalin. Rio de Janeiro: Record, 2012, p. 165.
|2| Idem, p. 166.
|3| Idem, p. 247.
*Créditos da imagem: Everett Historical e Shutterstock
Por Daniel Neves
Graduado em História