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Sabemos que o Partido Nazista, nas décadas de 1930 e 1940, possuía vários programas a serem executados. A maior parte desses programas era derivada da ideologia ariana, isto é, um discurso racialista que defendia a supremacia da raça branca (ariana) sobre as demais. Entre os programas políticos inspirados nessa ideologia e levados a cabo pelos nazistas, estavam o extermínio dos judeus e o programa chamado Lebensborn, que significa “Fonte da Vida”.
O programa Lebensborn consistia em selecionar crianças e jovens com características físicas que se enquadravam nos padrões raciais nazistas (altas, brancas, de olhos azuis e nariz aquilino), isolá-las e estabelecer um processo de reprodução para aperfeiçoamento da raça ariana. Entretanto, isso era feito não com as crianças alemãs – que já eram consideradas perfeitas –, mas com as dos países ocupados pela Alemanha, sobretudo a Polônia.
Os nazistas argumentavam que, entre os poloneses, havia alguns “alemães polonizados”, isto é, “degenerados” em meio aos polacos, mas cujos descendentes poderiam ajustar-se novamente à raça ariana. Segundo o historiador Norman Davies, o chefe da SS, Himmler, foi um dos primeiros a endossar essa ideia. Diz Davies que: “Em outubro de 1939, ao percorrer a Polônia ocupada no seu comboio especial Heinrich, Himmler constatou que, nas províncias do Norte, havia uma proporção elevada de crianças altas, louras e de olhos azuis, do tipo 'ariano' que os nazis tanto admiravam. Concluiu que se tratava de Alemães polonizados, pelo que resolveu roubá-las”. [1].
As SS em nome do programa Lebensborn passaram então a raptar, a partir de 1940, as crianças polonesas que agradavam os padrões nazistas. As crianças eram raptadas e confinadas em campos especiais onde eram tratadas até atingirem a maturidade sexual. Inicialmente, a seleção era feita por mulheres que serviam às SS. Elas iam aos orfanatos poloneses e apossavam-se das crianças desejadas. Depois, passou-se aos raptos propriamente ditos, que eram feitos nas ruas e mesmo nas casas de aldeias da Polônia. Prossegue o historiador Davies:
“As crianças eram levadas para laboratórios de testes raciais, onde eram despidas, examinadas e medidas por cientistas nazi. Por fim, as crianças consideradas inadequadas para o processo de germanização eram postas de lado; as outras, envidas para um dos vários Kinderlanger, ou 'campos de crianças', como o que ficava em Brokau, perto de Breslau, sendo depois entregues à SS Lebensborn, na Alemanha.”. [2]
A Lebensborn especializou-se naquilo que era chamado de o “sangue do futuro”, o sangue puro da raça perfeita. Os garotos e garotas selecionados entrariam em atividade sexual com o objetivo estrito de gerar a prole do futuro ariano. Especula-se que, se tivessem tempo, as SS nazistas procurariam expandir esse programa para outras nações que ocupassem.
O campo de crianças e o projeto Lebensborn só foram descobertos com o fim da guerra. Muitas das crianças raptadas jamais voltaram a encontrar suas famílias, haja vista que a Polônia foi completamente assolada pela guerra, tendo perdido um percentual enorme de seus habitantes.
NOTAS
[1] DAVIES, Norman. A Europa em Guerra. Edições 70: Lisboa, 2006. p. 358
2] Idem. p. 358.
* Crédito das imagens: shutterstock e Boris 15
Por Me. Cláudio Fernandes