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A batalha pela França foi o episódio que resultou na conquista dos nazistas sobre a França. A vitória nazista aconteceu em cerca de 46 dias, e a velocidade da conquista surpreendeu o mundo, pois esperava-se que a resistência francesa seria muito maior. A invasão da França foi um dos grandes feitos do exército nazista e abriu o caminho para que novas conquistas fossem realizadas ao longo da guerra.
Antecedentes
Em 1º setembro de 1939, os alemães haviam invadido a Polônia com sucesso. A resposta da França e Inglaterra à invasão da Polônia veio no dia 3 de setembro, quando declararam guerra à Alemanha. A vitória da Alemanha na Polônia aconteceu de maneira rápida: em pouco menos de um mês, os alemães entraram vitoriosos em Varsóvia.
Em março de 1940, foi dada a ordem para a invasão da Noruega. A importância estratégica dessa ação militar era garantir o controle da produção de ferro da Suécia e obter bases aéreas importantes, que dariam apoio para atacar os britânicos. A invasão da Noruega, entretanto, só aconteceu porque Hitler teve de adiar por duas vezes os planos de invasão da França.
Quando a invasão alemã da França começou, as ações na Noruega ainda estavam acontecendo, porém, de maneira trágica para os Aliados. Nesse período (abril/maio de 1940), os Aliados eram formados por Reino Unido e França. União Soviética e Estados Unidos só se uniram aos Aliados a partir de meados de 1941. O Eixo era formado por Itália e Alemanha. O Japão só entrou para o Eixo em setembro de 1940.
A estratégia alemã
A conquista da França era estratégica para a Alemanha Nazista, principalmente pelo fato de que a França representava a maior ameaça para a Alemanha na Europa Continental e derrotá-la permitiria a Hitler isolar o Reino Unido na guerra. Além disso, a derrota da França e, posteriormente, do Reino Unido permitiria a Hitler focar no seu grande objetivo: a conquista da União Soviética e destruição do bolchevismo.
A estratégia alemã consistia em três grandes grupos que atacariam diferentes pontos da defesa francesa. Veja os três grupamentos alemães e seus locais de ataque:
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Grupo de Exércitos B: o ataque desse grupamento seria a partir da invasão da Holanda e Bélgica. Ao conquistar esses países, o grupamento cruzaria a fronteira com a França;
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Grupo de Exércitos A: esse grupamento atacaria a França a partir das Ardenas, uma região de floresta que era considerada intransponível pelos exércitos franceses;
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Grupo de Exércitos C: esse grupo atacaria uma linha de construções fortificadas da França que foi construída ao longo da fronteira entre França e Alemanha.
A estratégia da Alemanha contava com o fato de que os franceses reforçariam suas defesas ao longo da fronteira com a Bélgica (pelo fato de as construções fortificadas da Linha Maginot garantirem uma melhor defesa na fronteira da França com a Alemanha) e de que eles não esperariam um ataque pelas Ardenas. Assim, o ataque de Hitler concentrou-se exatamente onde os franceses não esperavam: ao centro, na região das Ardenas.
Invasão da França
O ataque alemão iniciou-se às 4h35 de 10 maio com a invasão da Holanda. Logo em seguida, os alemães atacaram a Bélgica. O destaque do ataque alemão na Bélgica foi a tomada do Forte de Eben Emael por paraquedistas. Eben Emael era um forte belga considerado invencível, e os alemães conquistaram-no após um dia de batalhas.
A estratégia de guerra alemã na França também foi a blitzkrieg: uma tática de guerra considerada inovadora e que nessa primeira fase da guerra foi bastante eficaz. A blitzkrieg consistia em ataques coordenados da infantaria, aviação e blindados em um ponto concentrado da defesa adversária. O objetivo era abrir uma brecha na defesa adversária e penetrar por ela.
Na França, o ataque principal dos alemães ocorreu pelas Ardenas. O objetivo era penetrar as defesas francesas pelas Ardenas e, em um movimento de pinça, encurralar os exércitos franceses que estavam ao norte, na Bélgica. Assim, o ataque do grupo de exércitos B era praticamente uma isca para que os franceses não percebessem o principal ataque e movimento do exército alemão.
O ataque alemão na região das Ardenas foi fulminante. O exército francês posicionado na região estava, além de enfraquecido, pouco preparado para a carga pesada de ataques lançados pelos nazistas. Assim, as defesas francesas na região foram rapidamente desmanchadas pelos alemães. Isso permitiu aos alemães encurralar os exércitos franceses e britânicos posicionados na Bélgica.
Muitos historiadores questionam a grande diferença de desempenho entre os dois exércitos (francês e alemão). Max Hastings sugere que os exércitos britânicos e franceses estavam acostumados e treinados para batalhas curtas e localizadas. O exército alemão (reformulado durante a década de 1930), por sua vez, foi treinado em táticas de guerra inovadoras e capacitado para um conflito em escala continental|1|.
Os exércitos Aliados encurralados pelos exércitos alemães teriam sido completamente trucidados pelas forças alemãs se não fosse a Retirada de Dunquerque, na qual mais de 300 mil soldados foram evacuados pelo Reino Unido da região. A retirada em Dunquerque aconteceu no dia 4 de junho de 1940.
A sequência dos acontecimentos marcou a queda francesa para o Eixo. A França foi invadida pelos italianos em 10 de junho e, no dia 14, os alemães invadiram a capital francesa, Paris. A invasão de Paris foi registrada em fotos que retratam a desolação da população francesa (parte dela) com a derrota para os alemães.
Consequências
A derrota da França levou ao surgimento da França de Vichy, um regime francês que colaborou com os nazistas ao longo da guerra. Outra parte da França foi ocupada por tropas alemães e, mais ao sul do país, formou-se um governo de resistência liderado por Charle de Gaulle. Após a batalha na França, os alemães voltaram-se para o Reino Unido e realizaram pesados ataques aéreos, principalmente em Londres.
|1| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 74.
Por Daniel Neves
Graduado em História