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A Idade Média foi um período histórico marcado pelo domínio religioso da Igreja católica na Europa Ocidental, criando rígidas formas de condutas para as mulheres, buscando garantir a manutenção de suas virtudes femininas, como a virgindade, ao mesmo tempo em que liberava em boas medidas as práticas sexuais dos homens. Dessa forma, apesar da rigidez religiosa, a prostituição era tolerada dentro de alguns parâmetros, para evitar que casos de estupros se tornassem maiores do que já eram. O sexo pago se tornava assim uma válvula de escape da libido masculina.
No fim do Império Romano, os adeptos do cristianismo enfrentavam a prostituição através da conversão das mulheres. Segundo Lujo Basserman, em seu livro História da Prostituição – Uma Interpretação Cultural, quando os cristãos conseguiam converter uma cortesã romana em religiosa, os romanos se vingavam matando uma cristã, ou mesmo arrastando-as nuas pelas ruas antes de deixá-las em uma casa de prostituição. Algumas prostitutas viraram santas católicas como Maria do Egito.
Um exemplo de tentativa de acabar com a prostituição foi realizado por Luís IX, o São Luís, que editou um decreto em 1254 expulsando as prostitutas das cidades e aldeias francesas, confiscando ainda seus bens. Os problemas que tal medida teria causado podem ser imaginados ao se saber que dois anos depois, em 1256, ele alterou a ordem, determinando que as prostitutas deveriam viver longe das pessoas e locais honrados, confinando-as em locais específicos nas periferias das cidades, mostrando que era difícil eliminar a prática de venda do corpo feminino.
O que os medievais apontavam como a virtude das mulheres era o elemento necessário para a realização de casamentos, já que as mulheres eram consideradas “públicas” ou “puras”. Muitas delas, depois do estupro, caíam na prostituição. Entretanto, houve a institucionalização da prática da prostituição entre os séculos XIV e XV. Segundo o historiador Jacques Rossiaud, em seu livro A Prostituição na Idade Média, havia quatro níveis de prostituição na França medieval: as casas públicas (controladas pelo Estado), os banhos, os bordéis particulares e as meretrizes autônomas.
Além disso, a faixa etária das mulheres indicavam as etapas pelas quais elas haviam passado. Por volta dos 17 anos, as prostitutas trabalhavam nas ruas, sendo que, depois dos 20, tornavam-se camareiras das casas de banho, vendendo-se nestes locais para os frequentadores. Por volta dos 28 anos, tornavam-se pensionistas dos bordéis. Depois dessa idade, quando a beleza da juventude havia sido perdida, algumas prostitutas se tornavam cafetinas em bordéis e algumas poucas se casavam, sendo que a maioria se retirava para conventos criados para acolher as mulheres pecadoras e arrependidas.
* Créditos da imagem: Nickolay Stanev e Shutterstock.com
Por Tales Pinto
Graduado em História