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Assim que chegaram ao território brasileiro em 1500, os viajantes portugueses estiveram diante de uma terra que inicialmente para eles era uma ilha. Após outras expedições e do reconhecimento territorial, os lusitanos perceberam que estavam diante de uma área de proporção continental. Iniciava-se, então, uma discussão simbólica e importante acerca do nome a ser dado para a terra recém-descoberta.
Essa incerteza em relação ao tamanho do território gerou o primeiro nome da região que foi “Ilha de Vera Cruz”. Esse primeiro nome foi dado por Pedro Álvares Cabral quando chegou à terra recém-encontrada, porém, a discussão em torno da escolha de um nome para essa região da América estava apenas começando. Foi na expedição de Gonçalo Coelho – a mando do rei D. Emanuel – que os portugueses, tendo melhor conhecimento do tamanho do território, criaram outros nomes para a região, como “Terra dos papagaios” e “Terra de Santa Cruz”, sendo esta última nomenclatura criada pelo rei português D. Emanuel.
A procura pelo nome ideal que representasse a terra gerou certa confusão, tanto que Pedro Vaz de Caminha em sua carta enviada ao rei de Portugal utilizou dois termos diferentes sobre o mesmo território, Terra de Vera Cruz e Ilha de Vera Cruz. Essa confusão realçava a problemática em torno da criação de um nome para uma terra até então desconhecida pelos europeus, mas que chamava a atenção pelo sua paisagem diversificada e diferente do cenário das cidades europeias.
Outro nome logo surgiu a partir das primeiras extrações de pau-brasil das florestas. Os navegantes começaram a denominar o território de Brasil por causa dessa árvore que durante as três primeiras décadas foi o principal motivo de viagens dos portugueses à região encontrada por Cabral. Portanto, o nome Brasil fixou-se no imaginário dos viajantes e dos colonizadores e prevaleceu sobre as outras nomenclaturas.
Contudo, a polêmica em relação ao nome do território que hoje se chama Brasil voltou à tona na escrita de alguns estudiosos após o processo de colonização da América Portuguesa. No início do século XX, autores como Adolfo Varnhagen e Capistrano de Abreu contestaram a versão original de que o nome Brasil teria surgido em virtude da extração de pau-brasil. Na concepção de Capistrano, a origem do termo relaciona-se à existência de uma ilha imaginária na costa da Irlanda. Essa ilha irlandesa era um local cercado por misticismo e sua existência real não foi comprovada.
Essa ilha era denominada de “Brazil” e, durante a Idade Média, ela foi até mesmo representada em mapas que induziram à comprovação de sua materialidade. Esse local era cercado por mistérios e as tradições célticas afirmavam que o rei “Brasal” fixou moradia nela após sua morte. Dessa forma, poetas relatavam que essa ilha coberta de bruma não era de fácil acesso, e o simbolismo em volta dela continuava vivo. Como os portugueses tinham a representação desta curiosa ilha em seus mapas, alguns escritores do século XX, como Gustavo Barroso, defenderam a tese de que o nome do Brasil estaria relacionado originalmente a esta ilha, e não à extração de pau-brasil como se acreditava.
Por Fabrício Santos
Graduado em História