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Se realizássemos hoje uma pesquisa sobre qual é a melhor região para se viver, teríamos uma grande parcela da população brasileira preferindo a cidade ao campo. Afinal de contas, nossa recente história de industrialização transformou os centros urbanos em locais ligados à ideia de desenvolvimento, conforto e agitação nos âmbitos político e cultural. Por outro lado, as poucas oportunidades e falta de outros atrativos seriam colocados por muitos, principalmente os jovens, como elementos que alocariam a vida campestre em condição inferior.
No entanto, se recuássemos aos primórdios de nossa história colonial, poderíamos ver uma situação bastante distinta dessa. Tendo uma economia fundada na agroexportação, o Brasil dessa época contava com poucas cidades. Além de escassas, tais cidades não tinham uma integração eficiente, o que impedia com que um grande número de pessoas e mercadorias circulasse de forma eficaz.
As casas construídas nesses espaços eram bastante frágeis e, no máximo, cumpriam bem o papel de proteger a população dos fenômenos climáticos violentos ou dar uma posição privilegiada caso algum ataque (seja de invasores estrangeiros ou de população nativa) acontecesse. Contudo, as ameaças externas poderiam ser consideradas menores quando tais vilas eram espaço propício para o desenvolvimento de epidemias terríveis como a febre amarela, varíola, tuberculose e sarampo.
A disseminação dessas doenças, não raro, era potencializada por condições de higiene bastante precárias. Os excrementos eram lançados das janelas das casas e, para que a urina e as fezes não atingissem algum morador despercebido, um grito de “água vai!” antecedia o ato de “descarga”. Em locais maiores, tais excrementos eram recolhidos por escravos responsáveis por encaminhá-los até algum rio ou praia em que tudo fosse finalmente eliminado.
Em diversos momentos, cientes de tantas dificuldades, o governo colonial buscava adotar medidas que superassem tantas mazelas. Uma das maiores dificuldades da época envolvia o abastecimento da cidade, tendo em vista que a economia voltada para a exportação e a proibição da constituição de manufaturas fazia com que a falta de alimentos, vestuários e ferramentas fosse uma rotina muito comum.
Observando todas essas dificuldades, podemos ver que a vida nas cidades era bem diferente do que estamos atualmente habituados. No século XVIII, podemos observar que essa situação se transformou em alguns centros urbanos com o desenvolvimento da economia mineradora, responsável por uma melhor articulação do mercado interno. Ainda assim, hoje, observamos que sérios problemas tornam a vida nas cidades em um eterno horizonte de mazelas a serem superadas.
Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Brasil Escola
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG