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Em 1838, a historiografia brasileira ganhou uma nova página de sua trajetória quando, naquele ano, foi feita a inauguração do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, na data de dois de outubro. Formada com o apoio do brigadeiro Raimundo de Cunha Mattos e do cônego Januário da Cunha Barbosa, tal instituição estabelecia o desenvolvimento de uma escrita de nosso passado realizada justamente após a consolidação de nossa independência em relação a Portugal.
Além de marcar um momento de autonomia, tal marco teve suma importância na orientação das pesquisas feitas pelo instituto e em um estilo de escrita compromissado com a formação de uma identidade. No mesmo tempo em que havia ânsia de se pensar e identificar nossa nação através do estudo do passado, o instituto também questionava, desde sua criação, se as informações então disponíveis sobre nossa experiência histórica eram confiáveis e que lacunas ainda deveriam ser preenchidas.
Sob tal aspecto, percebemos que a revisão seria uma das grandes missões a serem abraçadas pelo instituto. No entanto, essa preocupação não girava simplesmente em torno de uma historiografia nacional. Em muitos momentos, ela seria dotada de uma idoneidade facilmente confundida com o compromisso patriótico. Apesar disso, o IHGB ofereceu um trabalho de busca e organizações de documentos, sem os quais essa nova proposta não teria as condições necessárias para sua rigorosa execução.
No que tange a formação de uma identidade nacional, o IHGB aparece como uma alternativa capaz de identificar e constar a vida dos heróis que seriam vinculáveis ao projeto de desenvolvimento de nossa pátria. Com isso, dialogando com os parâmetros historiográficos alemães, os fundadores do instituto reconhecem um poder didático na apreciação do passado. Olham a história como instrumento significativo para o alcance de uma nação capaz de aprender e se aprimorar com o que já viveu.
Desde seu início, o IHGB buscou realizar sua missão institucional com a publicação da Revista do IHGB, que esteve preocupada em vasculhar a colonização. Além disso, observamos a promoção de conferências e cursos, a organização de um arquivo e uma biblioteca voltada ao público. De tal modo, entre as pretensões, limites, conceitos e problemas do olhar histórico da época, o IHGB contribuiu para que novas possibilidades sobre a historiografia brasileira surgissem.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola