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Durante o governo do imperador Justiniano, a cidade de Constantinopla vivenciou uma revolta, a Revolta Nika, que resultou na morte de 30 mil pessoas no ano de 532. A revolta tinha como pano de fundo as corridas de cavalos disputadas no Hipódromo de Constantinopla, mas foi também uma forma encontrada pela população para expressar sua insatisfação com o governo de Justiniano.
A população de Constantinopla tinha um grande interesse em disputas esportivas, e uma das modalidades mais prestigiadas eram as corridas de carros puxados por cavalos. O acompanhamento dessas corridas levou os habitantes da cidade a se dividirem na torcida a dois grupos principais que disputavam a modalidade esportiva: os verdes e os azuis, cores que os corredores ostentavam em suas blusas.
Mas as torcidas também acabaram se transformando em partidos. Os verdes representavam os altos funcionários e a plebe, incluindo os comerciantes, os artesãos e a população mais pobre, constituindo a torcida mais numerosa. A torcida dos azuis era composta pelos grandes proprietários de terra e pela ortodoxia religiosa. Além da oposição no apoio às equipes que disputavam as corridas, a divisão incluía divergências políticas e religiosas, o que gerava brigas pelas ruas da cidade em certos momentos.
Em uma das corridas, Justiniano deu a vitória a seu cavalo favorito, apesar dele não ter sido o vencedor. Essa postura foi o estopim para unir as duas torcidas contra o imperador e estourar a revolta. Os revoltosos derrotaram os guardas imperiais e continuaram a se manifestar pelas ruas da cidade. Vários edifícios e monumentos foram destruídos nos oito dias que durou a revolta. Os revoltosos gritavam a palavra nika, que significa “vitória”, em grego. Por isso, o nome Revolta Nika.
Obviamente que o motivo da revolta não foi apenas uma corrida de cavalos. Havia uma insatisfação crescente contra os altos impostos que o Imperador cobrava da população, que eram utilizados para cobrir as despesas para manter as guerras e a vida luxuosa desfrutada pela corte de Justiniano. Lutavam ainda contra a fome, a falta de moradias e contra a centralização do poder. Neste último aspecto estava inserido um conflito sobre a sucessão dinástica, já que os parentes de Anastácio não aceitavam terem sido substituídos pela dinastia Justiniana.
A revolta tomou grandes dimensões, chegando os revoltosos a proclamarem um novo imperador, que era sobrinho de Anastácio. Frente a esta situação, Justiniano pensou, junto a seus assessores, em fugir de Constantinopla. O Imperador apenas mudou de opinião após sua esposa, Teodora, muito influente no governo, ter tido um posicionamento contra a fuga, incentivando o marido a resistir.
Justiniano determinou o general Belissário como responsável para conter a revolta. O resultado foi a execução de cerca de 30 mil pessoas, sendo que a maioria foi degolada. Os membros da família de Anastácio também foram executados. Com a dura repressão, Justiniano pôde voltar a governar de forma centralizada, sem contestação à sua autoridade.
Por Tales Pinto
Graduado em História