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Os tempos de crise são tempos de oportunidade. Para muitos, esse tipo de avaliação positiva não passa de uma mera especulação que visa amenizar uma época marcada por grandes dificuldades. Contudo, alguns indícios históricos sugerem que isso não seja um mero discurso, geralmente superficial aplicado como “injeção de ânimo” para administradores, vendedores e marqueteiros. Ao longo das épocas, várias descobertas significativas tomaram forma em cenários de conflito e desolação.
Desde muito tempo, os agricultores sabem que a utilização de um terreno provoca o seu desgaste completo. Por isso, em algumas culturas, observamos a utilização de técnicas que pudessem superar o difícil problema da falta de terras. Já na Antiguidade, alguns relatos sugerem que os egípcios utilizavam da cinza das sementes para fertilizar os seus campos. Já no mundo medieval, os camponeses abriam mão de uma produção maior para empregar o sistema de rotação de culturas, que alongava o tempo de uso da terra.
Na Baixa Idade Média, a Peste Negra foi uma terrível epidemia responsável pela morte de milhões de europeus. Contudo, não se resumindo a percepção de uma tragédia, alguns historiadores tentam relacionar os impactos deste evento com criações que tiveram grande importância. Entre elas, alguns acreditam que a acentuada morte de monges copistas foi algo que motivou o desenvolvimento da tecnologia necessária para o desenvolvimento das primeiras imprensas.
No período colonial, os escravos norte-americanos eram submetidos a uma pesada rotina de serviços que faziam de suas vidas algo nada agradável. Em muitas situações, visando esquecer aquele estado de penúria, improvisavam canções que amenizavam aquela experiência cotidiana. Paulatinamente, aquela experiência musical e improvisada seria a grande responsável pela criação dos elementos musicais que dariam origem ao blues, um dos mais importantes gêneros da música estadunidense.
Entre 1914 e 1918, a Primeira Guerra Mundial marcou um dos mais violentos e devastadores episódios. De fato, a tecnologia bélica ali empregada foi responsável por uma estrondosa quantidade de mortos e feridos. Foi justamente nesse contexto, onde o tratamento de feridas muito infeccionadas era difícil, que o pesquisador Alexander Fleming desenvolveu suas pesquisas. Em 1928, descobriu a penicilina, o primeiro antibiótico empregado na medicina.
De fato, poderiam ser vários os exemplos que manifestariam a capacidade do homem em criar o novo em meio a cenários tão desfavoráveis. Atualmente, as crises experimentadas no campo econômico e ambiental também podem abrir campo para novas invenções. Não sendo um ser preso a transformações que o rodeia, o homem também se reinventa e demonstra a sua força como agente promotor da História.
Por Rainer Sousa
Graduado em História