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A Guerra Civil Espanhola, que durou de 1936 a 1939, foi um dos acontecimentos mais importantes do período “entre guerras”, isto é, entre o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, e o início da Segunda Guerra, em 1939. A importância está ligada a variados fatores, entre eles, o fato de ter sido na Espanha que ocorreu o primeiro confronto aberto entre forças nacionalistas de viés fascista, comunistas e anarquistas. Cada grupo desses recebeu apoio internacional, principalmente das potências que participariam da Segunda Guerra nos anos seguintes.
Esse acontecimento foi abordado no cinema diversas vezes, mas uma das formas de abordagem mais impressionantes foi a exposta no filme O Labirinto do Fauno, de 2006, dirigido pelo cineasta Guillermo del Toro. O filme faz um recorte temporal nos desdobramentos da guerra civil, isto é, quando o general Francisco Franco já havia, durante a Segunda Guerra, estabelecido-se como ditador da Espanha. Precisamente, o enredo passa-se em 1944, quando a resistência civil ao regime franquista procurava afastá-lo do poder.
O que é interessante na abordagem de O Labirinto do Fauno é a escolha pela linguagem e pelos símbolos dos contos de fada para a apreensão da tensão da guerra entre nacionalistas e os grupos de resistência. Toda a história passa-se através da imaginação fantástica da personagem Ofélia, uma menina de aproximadamente dez anos de idade, órfã de pai, cuja mãe, grávida, procura restabelecer sua vida em meio à guerra junto a um oficial fascista das tropas de Francisco Franco.
Mãe e filha mudam-se para um acampamento militar onde está o oficial. Próximo ao acampamento, rebeldes anarquistas procuram uma forma de desmantelar a estrutura do lugar para conseguir suprimentos, remédios, entre outras coisas.
Na medida em que a história vai se desenrolando, a mãe de Ofélia passa a ter transtornos com a gravidez. A partir desse momento, Ofélia passa a ser “instruída”, imaginativamente, por um ser mitológico, o Fauno, no sentido de salvar a vida da mãe. Entretanto, as instruções paulatinamente vão colocando a pequena moça em uma encruzilhada: a vida da mãe lhe custaria o sacrifício do irmão, que, se nascesse, seria ofertado ao Fauno em seu labirinto.
Toda a história, para quem quiser assistir, é permeada de uma grandiosa “arquitetura simbólica”. Há um complexo trabalho de releitura da história sobre o prisma dos contos de fada e da mitologia que foge ao padrão tradicional de abordagens dos filmes de guerra.
*Crédito da imagem: Commons
Por Me. Cláudio Fernandes