Desinências são a parte final das palavras e indicam o número (plural ou singular), o gênero (masculino ou feminino), a pessoa (eu, tu, ele ou ela, nós, vós, eles ou elas), o tempo (pretérito, presente, futuro) ou o modo (indicativo ou subjuntivo). Elas aparecem após o radical (parte principal da palavra) ou do tema (união do radical mais uma vogal).
As desinências verbais podem ser número-pessoal (“começamos”, primeira pessoa do plural) ou modo-temporal (“começávamos”, pretérito imperfeito do indicativo). Já as desinências nominais são de número (“filhos”, plural) ou de gênero (“filha”, feminino).
Leia também: Tudo sobre estrutura e formação das palavras
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre desinências
- 2 - Videoaula sobre desinências
- 3 - O que são desinências?
- 4 - Desinências verbais
- 5 - Desinências nominais
- 6 - Exemplos de desinências
- 7 - Outros elementos da estrutura das palavras
- 8 - Exercícios sobre desinências
Resumo sobre desinências
- As desinências são a parte final de uma palavra e servem para indicar:
- número: singular ou plural;
- pessoa: eu, tu, ele ou ela, nós, vós, eles ou elas;
- tempo: pretérito (passado), presente ou futuro;
- modo: indicativo ou subjuntivo;
- As desinências podem ser verbais (fazem parte de um verbo) ou nominais (fazem parte de um substantivo, adjetivo, pronome ou numeral).
- Há dois tipos de desinência verbal:
- número-pessoal: “amamos” (primeira pessoa do plural);
- modo-temporal: “amaria” (futuro do pretérito do indicativo).
- Há dois tipos de desinência nominal:
- de gênero: “menina” (gênero feminino);
- de número: “meninos” (plural).
Videoaula sobre desinências
O que são desinências?
As desinências são a parte final de uma palavra, como, por exemplo, o “-sse” do termo “falasse”. Isso quer dizer que elas são colocadas depois do radical (“fal-”) ou do tema (“fala”). E para que servem as desinências? Elas apontam o número e o gênero de nomes, como substantivos e adjetivos.
As desinências também indicam a pessoa, o número, o modo e o tempo verbais. As pessoas verbais são as seguintes: eu, tu, ele (ou ela), nós, vós, eles (ou elas). O número é singular ou plural. Desse modo, temos: eu (primeira pessoa do singular), tu (segunda pessoa do singular), ele ou ela (terceira pessoa do singular), nós (primeira pessoa do plural, vós (segunda pessoa do plural), eles ou elas (terceira pessoa do plural).
Elas podem fazer parte tanto da formação de nomes (substantivos e adjetivos, além de pronomes e numerais) quanto de verbos. Daí classificar as desinências como verbais e nominais. A seguir, eu vou explicar mais detalhadamente para você o que são as desinências verbais e as desinências nominais.
Desinências verbais
As desinências verbais estão presentes em verbos e podem indicar o modo:
- indicativo: expressa certeza, como em “Eu vi um lobo”;
- subjuntivo: expressa uma possibilidade, como em “Se eu visse um lobo, ficaria com medo”.
As desinências verbais também podem indicar o tempo:
- pretérito: indica um fato que já ocorreu, como em “Eu vi o lobo”;
- presente: indica um fato que está ocorrendo, como em “Olho para o lobo e tenho medo”;
- futuro: indica um fato que ocorrerá, como em “Verei seu rosto novamente”.
Além do modo e do tempo, as desinências verbais também apontam o número (singular ou plural) e a pessoa verbal (eu, tu, ele ou ela, nós, vós, eles ou elas).
Portanto, existem dois tipos de desinência verbal:
- desinência modo-temporal: aponta o modo e o tempo verbais;
- desinência número-pessoal: aponta o número e a pessoa verbais.
Como exemplo, vamos analisar a conjugação do verbo “correr”, no presente do indicativo:
Eu corro
Tu corres
Ele ou ela corre
Nós corremos
Vós correis
Eles ou elas correm
Você já sabe que as desinências estão no final das palavras. Elas aparecem depois do radical (“corr-”) ou do tema (“corre-”). Portanto, nesse caso, as desinências “-o”, “-s”, “emos”, “-is” e “-m” indicam o número e a pessoa verbais. Portanto, “-o” e “-s” são desinências indicadoras da primeira e da segunda pessoas do singular.
Nesse caso, não há desinência na terceira pessoa do singular. Já as desinências “-mos”, “-is” e “-m” são indicadoras da primeira, segunda e terceira pessoas do plural. O presente do indicativo não apresenta marcas de desinência modo-temporal. Já o pretérito perfeito do indicativo do verbo “correr” tem como desinências modo-temporais “-ia-” ou “-ie-”:
Eu corria
Tu corrias
Ele ou ela corria
Nós corríamos
Vós corríeis
Eles ou elas corriam
Note que “-s”, “-mos”, “-is” e “-m” são desinências número-pessoais, já que indicam a pessoa e o número: “-s” (segunda pessoa do singular), “-mos” (primeira pessoa do plural), “-is” (segunda pessoa do plural) e “-m” (terceira pessoa do plural).
Vejamos mais um exemplo, agora o presente do subjuntivo do verbo “correr”, que apresenta a desinência modo-temporal “-a-”:
Eu corra
Tu corras
Ele ou ela corra
Nós corramos
Vós corrais
Eles ou elas corram
Assim, a desinência “-a-” indica que o verbo “correr” está no presente do subjuntivo. E, como já mostrei para você, as desinências “-s”, “-mos”, “-is” e “-m” indicam o número e a pessoa verbais.
Agora, um último exemplo: o pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo “correr”, que apresenta a desinência modo-temporal “-sse-”:
Eu corresse
Tu corresses
Ele ou ela corresse
Nós corrêssemos
Vós corrêsseis
Eles ou elas corressem
Portanto, a desinência “-sse-” indica que o verbo “correr” está no pretérito imperfeito do subjuntivo. E as desinências “-s”, “-mos”, “-is” e “-m” indicam o número e a pessoa verbais.
Desinências nominais
As desinências nominais apontam o número e o gênero de substantivos, adjetivos, pronomes e numerais. Como vimos acima, as desinências aparecem após o radical ou o tema.
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DESINÊNCIAS NOMINAIS |
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SUBSTANTIVO |
DESINÊNCIA DE GÊNERO |
DESINÊNCIA DE NÚMERO |
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Alunos (radical “alun-”) |
“-o-” |
“-s” |
|
Aluna (radical “alun-”) |
“-a” |
— |
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ADJETIVO |
DESINÊNCIA DE GÊNERO |
DESINÊNCIA DE NÚMERO |
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Alta (radical “alt-”) |
“-a” |
— |
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Altos (radical “alt-”) |
“-o-” |
“-s” |
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PRONOME |
DESINÊNCIA DE GÊNERO |
DESINÊNCIA DE NÚMERO |
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Aquele (radical “aquel-”) |
“-e” |
— |
|
Aquelas (radical “aquel-) |
“-a-” |
“-s” |
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NUMERAL |
DESINÊNCIA DE GÊNERO |
DESINÊNCIA DE NÚMERO |
|
“Um” |
— |
— |
|
“umas” (radical “um-”) |
“-a-” |
“-s” |
Desse modo, as desinências “-a” ou “-o” indicam o gênero feminino ou masculino, enquanto a desinência “-s” indica o número plural. Apesar de “a” e “o” serem as desinências de gênero tradicionais, o “-e” final de “aquele” é uma indicação de que o pronome é masculino.
Exemplos de desinências
-
Desinências verbais
→ Exemplos de desinência número-pessoal
Eu parto
Tu partes
Ele ou ela parte
Nós partimos
Vós partis
Eles ou elas partem
As desinências “-o”, “-s”, “-mos”, “-is” e “-m” indicam o número e a pessoa verbais da conjugação do verbo “partir” no presente do indicativo. Já a forma “parte” não apresenta desinência.
Eu parti
Tu partiste
Ele ou ela partiu
Nós partimos
Vós partistes
Eles ou elas partiram
As desinências “-i”, “-ste”, “-u”, “-mos”, “-stes” e “-m” indicam o número e a pessoa verbais da conjugação do verbo “partir” no pretérito perfeito do indicativo.
Eu parta
Tu partas
Ele ou ela parta
Nós partamos
Vós partais
Eles ou elas partam
As desinências “-s”, “-mos”, “-is” e “-m” indicam o número e a pessoa verbais da conjugação do verbo “partir” no presente do subjuntivo. Já a forma “parta” não apresenta desinência.
→ Exemplos de desinência modo-temporal
Eu partisse
Tu partisses
Ele ou ela partisse
Nós partíssemos
Vós partísseis
Eles ou elas partissem
Nesse caso, a desinência “-sse” indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.
Eu partiria
Tu partirias
Ele ou ela partiria
Nós partiríamos
Vós partiríeis
Eles ou elas partiriam
As desinências “-ria” e “-rie” indicam o futuro do pretérito do indicativo.
Eu partira
Tu partiras
Ele ou ela partira
Nós partíramos
Vós partíreis
Eles ou elas partiram
Note que as desinências “-ra” e “-re” indicam o pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
Assim, coloquei em azul as desinências modo-temporais. E, em verde, destaquei as desinências número-pessoais.
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Desinências nominais
→ Exemplos de desinência nominal de gênero
- PATA: desinência de gênero “-a”, acrescida ao radical “pat-”.
- BONITO: desinência de gênero “-o”, acrescida ao radical “bonit-”.
- ESTA: desinência de gênero “-a”, acrescida ao radical “est-”.
→ Exemplos de desinência nominal de número
- PATAS: desinência de número “-s”, acrescida ao tema “pata-”.
- BONITOS: desinência de número “-s”, acrescida ao tema “bonito-”.
- ESTAS: desinência de número “-s”, acrescida ao tema “esta-”.
Desse modo, a desinência “-s” é uma marca de plural.
Outros elementos da estrutura das palavras
As desinências são apenas uma parte de uma palavra. Além delas, também existem:
- radical;
- prefixo;
- sufixo;
- vogal temática;
- tema.
A principal parte de um vocábulo é o radical. É no radical que está o significado da palavra. Ele é a base da palavra e, portanto, é uma parte essencial. Por exemplo, o termo “jeito” tem o radical “jeit-”. Eu posso acrescentar elementos a esse radical e formar outros termos como “ajeitar”, “jeitinho”, “jeitosamente” etc.
O prefixo e o sufixo são outras duas partes de uma palavra. O prefixo é o elemento que aparece antes do radical, como, por exemplo, em “ajeitar”. Você percebe que o prefixo “a-” está antes do radical “-jeit-”. Então vou aproveitar o termo “ajeitar” para mostrar a você o que é o sufixo, ou seja, o elemento que aparece depois do radical. Assim, “-ar” é o sufixo de “ajeitar”.
Até agora, eu ensinei você a identificar o radical, o prefixo e o sufixo. Mas não para por aí. Se eu colocar a vogal “o” depois do radical “jeit-”, eu formo o termo “jeito”, que, em gramática normativa, é chamado de tema. O tema é um substantivo formado por um radical e uma vogal temática.
O substantivo é uma palavra que dá nome aos seres, ou seja, àquilo que existe de forma real ou imaginária. E “jeito” é algo que existe, sendo tal palavra resultado da união entre o radical “jeit-” e a vogal temática “-o”. Os verbos (termos que expressam ação, processo ou estado) também apresentam vogal temática.
Por exemplo, o tema “ajeita”, derivado do verbo “ajeitar”, é formado pelo prefixo “a-”, o radical “jeit-” e a vogal temática “-a”. Nesse caso, o tema é um verbo e a vogal temática “a” indica que esse verbo é da primeira conjugação (todos os verbos terminados em “-ar”). Há também os verbos da segunda conjugação (todos os verbos terminados em “-er”) e da terceira conjugação (todos os verbos terminados em “-ir”).
Como exemplo desses dois últimos tipos de conjugação, eu posso apontar “beber”, cujo tema é “bebe” (radical “beb-” + vogal temática “-e”) e “partir”, cujo tema é “parti” (radical “part-” + vogal temática “-i”). Portanto, após o radical ou o tema, acrescentamos as desinências.
Leia também: Como as palavras são formadas?
Exercícios sobre desinências
Questão 1
Assinale a alternativa em que todas as palavras apresentam desinência nominal de número.
A) criança, professora, moças.
B) pessoas, professor, empregados.
C) casas, bibliotecas, cafeterias.
D) nuvem, chuva, relâmpagos.
E) olhos, capas, computador.
Resolução:
Alternativa C.
O elemento “-s” é desinência de número das palavras “moças”, “pessoas”, “empregados”, “casas”, “bibliotecas”, “cafeterias”, “relâmpagos”, “olhos” e “capas”.
Questão 2
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) Em “sofremos”, a desinência número-pessoal é “-emos”.
( ) Em “sofrêssemos”, a desinência modo-temporal é “-sse-”
( ) Em “sofressem”, a desinência número-pessoal é “-m”.
A sequência correta é:
A) V, V, F.
B) F, V, V.
C) V, F, F.
D) V, F, V.
E) F, V, F.
Resolução:
Alternativa B.
Em “sofremos”, a desinência número-pessoal é “-mos” e não “-emos”. Em “sofrêssemos”, a desinência modo-temporal “-sse-” indica que o verbo está no pretérito imperfeito do subjuntivo. Por fim, em “sofressem”, a desinência número-pessoal “-m” indica que o verbo está na terceira pessoa do plural.
Fontes
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 40. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2024.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
SACCONI, Luiz Antonio. Novíssima gramática ilustrada. 24. ed. São Paulo: Nova Geração, 2011.