Cidades globais são centros urbanos que exercem influência econômica, política e cultural em escala internacional. Esse tipo de cidade pode ser descrito como a representação máxima da globalização da economia e, também, da mundialização da cultura. Elas concentram as principais empresas do mundo, assim como entidades bancárias e financeiras, prestadoras de serviço e centros comerciais diversos, sem contar as instituições de ensino e pesquisa e os centros de tecnologia. Além disso, as cidades globais abrigam instituições políticas e organismos internacionais multilaterais, sendo responsáveis, então, pelo controle da economia e da política em escala mundial.
As cidades globais são classificadas de acordo com a sua conectividade em alfa, beta e gama. Cidades alfas são aquelas que apresentam maior grau de integração com o espaço mundial, a exemplo de Londres, Nova Iorque e Paris. No Brasil, São Paulo é considerada uma cidade global alfa. Mas, atenção: não confunda cidade global com megacidade. Embora sejam conceitos importantes do ponto de vista da Geografia Urbana, as megacidades são assim classificadas de acordo com o tamanho da população, não havendo relação com o ordenamento do seu espaço ou mesmo com a sua posição na hierarquia urbana mundial.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre cidades globais
- 2 - O que são cidades globais?
- 3 - Características das cidades globais
- 4 - Classificação das cidades globais
- 5 - Exemplos de cidades globais
- 6 - Tem cidade global no Brasil?
- 7 - Cidades globais e megacidades
- 8 - Exercícios resolvidos sobre cidades globais
Resumo sobre cidades globais
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Cidades globais são centros de influência econômica, política e cultural internacional.
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Representam a expressão máxima da globalização financeira e da mundialização cultural.
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Concentram empresas de diferentes segmentos da economia, entidades financeiras, prestadoras de serviço, grandes centros comerciais e polos de inovação tecnológica.
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As cidades globais são, também, escolhidas para a instalação de sedes de entidades políticas e organizações internacionais, tornando-se centros importantes de decisão internacional.
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De acordo com a sua conectividade com os agentes externos, as cidades globais são classificadas em alfa, beta e gama.
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São exemplos de cidades globais: Nova Iorque (Estados Unidos), Londres (Inglaterra) e Paris (França) — todas consideradas cidades alfa.
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São Paulo (SP) é um exemplo de cidade global alfa no Brasil.
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Cidades globais e megacidades são conceitos distintos, já que as megacidades são definidas a partir do tamanho da população (maior do que 10 milhões de habitantes).
O que são cidades globais?
Cidades globais são as metrópoles que apresentam poder de influência e centralização política, econômica e cultural em escala internacional. As cidades globais são um produto direto do processo de transformação do espaço econômico decorrente da globalização, em especial da sua mais recente fase que se iniciou a partir da segunda metade do século XX.
Elas representam, então, recortes espaciais em que a globalização financeira e a mundialização cultural se realizam em sua potência máxima, ao mesmo tempo em que seu conteúdo e a maneira como as cidades globais estão organizadas refletem o modo de atuação dos principais agentes desse novo período descrito como técnico-científico-informacional: as grandes corporações, os centros comerciais e de mídia, as empresas prestadoras de serviço, os entes políticos e as entidades financeiras que integram o mercado.
As redes de influência e o ordenamento do espaço urbano mundial são, ambos, assuntos amplamente debatidos na Geografia. Contudo, podemos dizer que, na literatura especializada, uma das principais referências quando tratamos das cidades globais é a socióloga neerlandesa Saskia Sassen (1947-), autora do livro A Cidade Global: Nova Iorque, Tóquio e Londres (1991) e de muitas outras obras que refletem sobre como a globalização e, sobretudo, a financeirização da economia atuam sobre o espaço geográfico e exercem influência na inserção dos diferentes territórios na nova geopolítica internacional.
Características das cidades globais
As cidades globais são os principais polos de influência no espaço mundial. À medida que os processos da globalização se instalaram e promoveram profundas transformações no modo de produzir e de consumir, alterando, ainda, as relações políticas entre os territórios, essas cidades também passaram por reestruturações internas que proporcionaram a sua ascensão na hierarquia urbana internacional. Com isso, as cidades globais são descritas como os centros organizacionais|1| da globalização, o que se deve à elevada concentração de infraestrutura e de serviços especializados que caracterizam o atual período em que estamos inseridos.
Nesse sentido, as cidades globais abrigam:
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sedes de empresas pertencentes a diferentes ramos da economia e setores produtivos;
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entidades bancárias e financeiras, nacionais e, principalmente, internacionais;
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prestadores de serviços de uma ampla gama de segmentos;
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grandes centros comerciais que ofertam uma variedade de produtos que somente é encontrada nesse tipo de aglomerado urbano.
Conforme afirma Sasken, a organização desse tipo de cidade atende ao capital global. Como vimos, no entanto, as características que as distinguem de outras metrópoles não se restringem à economia. As principais entidades políticas do país e do mundo têm sede ou representantes instalados nas cidades globais, da mesma forma que as organizações internacionais multilaterais estão presentes e comumente realizam reuniões periódicas nesses centros urbanos.
O maior exemplo disso é o da Organização das Nações Unidas (ONU), sediada em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Dessa forma, as cidades globais não somente ditam o ritmo da economia internacional como centralizam as questões administrativas e políticas mundiais.
As cidades globais concentram empresas e serviços de comunicação, propaganda, telefonia e de Internet, que são os signos da fase presente da globalização. Elas são, nesse sentido, centros propagadores e receptores de um grande volume de informações e de capitais. Por isso mesmo, as cidades globais são, ao mesmo tempo, difusoras de cultura e nodos multiculturais em que pessoas de diferentes partes do mundo se encontram e compartilham parte das suas experiências, do seu modo de vida, das suas tradições e de seus costumes.
Da mesma forma, as cidades globais são centros de inovação tecnológica e científica. A elevada concentração de serviços e de infraestruturas, o que compreende desde instrumentos técnicos, instituições de ensino e pesquisa até a presença de profissionais altamente qualificados em áreas diversas de atuação, é o que proporciona às cidades globais essa posição. Esse é um dos aspectos que facilita a alocação de empresas transnacionais, de centros financeiros e de entidades políticas internacionais. As cidades globais formam, assim, uma extensa rede urbana com outras cidades globais. Diz-se que elas têm maior conexão com suas semelhantes do que com o próprio território em que elas estão inseridas.
Classificação das cidades globais
É válido salientar que mesmo entre as cidades globais existe uma hierarquização. Como sendo importantes nodos em uma rede mundial, elas são classificadas de acordo com o grau de importância e conectividade em termos econômicos. São três as classes identificadas:
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alfa (sendo esse o grau mais elevado de conectividade);
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beta;
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gama.
Veja também: Quais são as cidades mais populosas do mundo?
Exemplos de cidades globais
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Nova Iorque: localizada nos Estados Unidos, Nova Iorque é a principal referência de cidade global. Alcançou a posição de alfa+ devido à magnitude do seu setor financeiro aliada com o dinamismo apresentado nos segmentos de inovação tecnológica, ciência e mídia.
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Londres: capital da Inglaterra, Londres se tornou uma cidade global muito antes da concepção desse termo. Além da importância do seu setor financeiro e do fato de ser um polo cultural, ela se destaca pela presença de algumas das mais conceituadas instituições de ensino superior do mundo.
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Paris: a capital francesa é o principal destino turístico do mundo, atraindo milhões de visitantes todos os anos. A cultura, a gastronomia e a diplomacia política são os principais aspectos que tornam Paris uma das cidades globais da categoria alfa.
Tem cidade global no Brasil?
Sim, tem cidade global no Brasil. São Paulo, capital do estado de mesmo nome, é considerada uma cidade global. A metrópole paulistana é a maior aglomeração urbana do país, com mais de 20,6 milhões de pessoas segundo o último censo demográfico do IBGE. O Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo é de R$ 828 bilhões, e sua maior parcela é proveniente do setor de serviços. Além de ser a maior metrópole brasileira, exercendo influência em todo o território brasileiro, São Paulo é conhecida pela atratividade para empresas, investimentos e negócios em escala internacional.
Considerando a classificação das cidades globais por grupo, São Paulo é uma cidade alfa de acordo com a Rede de Pesquisa sobre Globalização e Cidades Globais (Globalization and World Cities Research Network, representada pela sigla GaWC), da Universidade de Loughborough, na Inglaterra. Junto a São Paulo, nessa categoria, estão Toronto (Canadá), Frankfurt (Alemanha), Cidade do México, Seoul (Coreia do Sul), Jacarta (Indonésia) e outras.
A GaWC também classifica o Rio de Janeiro (RJ) como uma cidade global. Contudo, ela faz parte da categoria beta- ao lado de cidades como Manchester (Inglaterra), Vancouver (Canadá), Montevidéu (Uruguai) e Lagos (Nigéria).
Saiba mais: Quais são as 5 maiores metrópoles do Brasil?
Cidades globais e megacidades
Os conceitos de cidade global e megacidades, embora façam parte da base teórica da Geografia Urbana, denotam diferentes formas organização e análise do espaço urbano. Enquanto as cidades globais são identificadas a partir da sua influência econômica, principalmente, mas também política e cultural em escala internacional, a definição das megacidades é feita a partir do critério populacional. São considerados megacidades aqueles centros urbanos que apresentam mais de 10 milhões de habitantes. Uma cidade global pode, também, ser uma megacidade, como é o caso de São Paulo. Entretanto, esses conceitos não necessariamente se sobrepõem.
Exercícios resolvidos sobre cidades globais
Questão 1 (Mackenzie) Uma cidade global não é definida pela demografia, ou seja, pelo tamanho de sua população, mas pelas funções que cumpre no sistema mundial. As cidades globais são centros de tomada de decisões que afetam, profundamente, a vida das nações do mundo inteiro. Nelas ocorrem os congressos e conferências que norteiam a política internacional e a economia mundial. Em síntese, elas são os polos de redes de alcance global.
MAGNOLI, Demétrio. Geografia para o Ensino Médio. São Paulo: Ed. Atual. 2012.
Sobre as cidades globais, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) Londres tem os maiores mercados de câmbio e de empréstimos bancários internacionais e atua como base de operações das empresas transnacionais na Europa.
( ) Cingapura funciona como plataforma para as operações das empresas transnacionais no Oriente e é o mais importante centro portuário do SE asiático.
( ) Chicago sedia a bolsa que polariza o mercado de commodities agrícolas e atua como centro financeiro devido à concentração de empresas de alta tecnologia.
As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente,
a) V, F e F.
b) F, V e F.
c) V, V e V.
d) V, V e F.
e) V, F e V.
Resposta: Alternativa D.
Somente a terceira afirmativa é falsa, as demais são verdadeiras (V, V, F). A última está incorreta porque, apesar da importância da bolsa de Chicago para o mercado de commodities agrícolas, as empresas de alta tecnologia dos Estados Unidos não se concentram nessa cidade, mas, sim, em cidades como São Francisco e São José, na região do Vale do Silício.
Questão 2 (UFRGS) Cidade global e megacidade são denominações relacionadas com o intenso processo de urbanização que acontece no mundo. São termos que se relacionam, porém não podem ser confundidos, pois explicam realidades urbanas distintas. As cidades globais têm importância internacional com fluxos econômicos de bens, serviços e de capital que influenciam a economia mundial, portanto elas interferem em grande parte de nosso planeta. Por isso são conhecidas como metrópoles mundiais. Já as megacidades são cidades imensas em termos demográficos, em que o conceito apresenta uma valorização quantitativa, ou seja, são cidades com rápido crescimento populacional e sem planejamento, o que fortalece os problemas sociais e urbanos.
Assinale a alternativa que identifica uma cidade global e uma megacidade, respectivamente.
a) Nova Iorque – Genebra.
b) Londres – Lagos.
c) Jacarta – Atenas.
d) Roma – Lisboa.
e) Havana – Cairo.
Resposta: Alternativa B.
Londres é uma das cidades globais alfa, assim como Nova Iorque. No entanto, como precisamos encontrar, também, uma megacidade, temos que:
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Genebra tem 203,8 mil habitantes;
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Lagos tem 15,9 milhões de habitantes.
Portanto, Londres e Lagos são, respectivamente, uma cidade global e uma megacidade.
Fontes
CARVALHO, Mônica de. Cidade global: anotações críticas sobre um conceito. São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 4, out. 2000. Disponível em: https://www.scielo.br/j/spp/a/9prrrJpM8LZYkxPvmFGLsmN/abstract/?lang=pt.
Globalization and World Cities Research Network (GaWC). Disponível em: https://gawc.lboro.ac.uk/.
NUNES, José Horta. Verbete: cidade global. Enciclopédia Discursiva da Cidade – ENDICI. Disponível em: https://www.labeurb.unicamp.br/endici/index.php?r=verbete%2Fview&id=236.
OXFORD ECONOMICS. Global Cities Index 2025. Oxford Economics, [2025]. Disponível em: https://www.oxfordeconomics.com/global-cities-index/.
REDAÇÃO. Cidades globais desafiam as megacidades. Folha de S.Paulo, 02 mai. 1999. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj02059905.htm.
SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Novel, 2000.
SASSEN, Saskia. The global City. New York, London, Tokyo. Political Science Quarterly, v. 107, n. 2, 1992.
SILVA, Carlos Henrique Costa da. As cidades mundiais na contemporaneidade. Geosul, v. 20 n. 39, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/13303.