PUBLICIDADE
Carl Sauer (Carl Ortwin Sauer, 1889-1975) foi um geógrafo estadunidense, nascido no estado de Missouri, com pais de origem alemã. Sauer é considerado um dos principais nomes da história do pensamento geográfico, sendo um dos precursores da chamada Geografia Cultural e um dos principais nomes da “Escola de Berkeley”. Suas obras e contribuições são ainda hoje bastante difundidas e muito utilizadas por autores de várias áreas do conhecimento.
Em 1915, Carl Sauer concluiu os seus estudos em nível de doutorado, sob a orientação do geomorfólogo norte-americano Rollin Salisbury. Em 1923, ingressou na Universidade de Berkeley e tornou-se professor emérito a partir de 1957, seguindo os seus trabalhos até o ano de seu falecimento. Uma de suas principais obras é o livro “The Morfology of Landscape” (A Morfologia da Paisagem), produzido no ano de 1925, no qual tece algumas de suas principais considerações sobre a Geografia e os rumos da área cultural.
O principal mérito dos trabalhos de Carl Sauer é trazer novas premissas para a Geografia Cultural que, sob a filiação da escola alemã e de pensadores como Richard Hartshorne, concebia a ideia de diferenciação das paisagens. Sauer, por outro lado, valorizava as relações entre o homem e o ambiente, concebendo a paisagem como um habitat e rompendo com as premissas que traziam esse conceito em uma perspectiva formal, funcional e genética.
Outra importante contribuição de Sauer é o estudo das relações entre o homem e o espaço a partir da comparação de diferentes expressões das paisagens, retomando para o cerne da Geografia os méritos da Corologia, premissa essa que foi abandonada pelo autor em seus últimos livros e publicações.
Em uma célebre frase, Sauer afirma que “o último agente que modifica a superfície da Terra é o homem”[1]. Assim, o ser humano deve ser considerado como um “agente geomorfológico”, que intervém e ressignifica as feições superficiais terrestres. Por esse motivo, a Geografia Cultural, em sua concepção, deveria interessar-se em compreender e analisar as obras humanas sobre o espaço e a impressão destas sobre o meio.
A conceituação de “cultura” balizada por Sauer provém da influência do antropólogo Alfred L. Kroeber, que a concebia como um fenômeno que se compreende à luz do tempo histórico, mas que é traçado a partir do espaço. Foi, portanto, a partir daí que se difundiram as concepções sobre a influência do espaço sobre as atividades humanas e a ideia de espacialidade.
Sauer entendia como importante para a Geografia a consideração sobre o mundo vivido, isto é, o espaço conforme apreendido pelas diferentes pessoas, a partir de suas influências culturais. Afinal, cada indivíduo atua no processo de significação da realidade a partir de suas concepções e visões de mundo. Com isso, observa-se uma relativa influência da fenomenologia nos estudos de Sauer, muito embora esse autor não tenha se dedicado aos estudos fenomenológicos de forma mais aprofundada.
Conforme aponta Holzer [2], as principais contribuições trazidas por Sauer à Geografia são: a) a valorização do cultural na perspectiva antropocêntrica; b) a manutenção do respeito sobre temas concernentes ao mundo vivido, abrindo perspectivas sobre a percepção do ser sobre o real; c) o destaque para a interdisciplinaridade entre Geografia e as ciências humanas em geral, além da Filosofia; d) a valorização do trabalho de campo como forma de desmitificar ideias concebidas a priori.
É por todas as suas contribuições e méritos que os livros e artigos produzidos por Sauer permitiram profundos avanços no campo da Geografia, notadamente utilizados a partir dos anos 1970, o que propiciou a valorização de suas obras como umas das principais referências dos estudos geográficos em todo o mundo.
_______________________
[1] Essa frase pode ser encontrada em um texto do autor traduzido para a revista Espaço & Cultura (UERJ), em 1997, que pode ser acessada aqui.
[2] HOLZER, W. Nossos Clássicos: Carl Sauer (1889-1975). GEOgraphia. Ano II, nº4, 2000. p.135-136.
Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia