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Vlad III, o verdadeiro Conde Drácula

Teria sido o príncipe romeno Vlad III o verdadeiro Conde Drácula? Em partes, sim, ainda que a história dessa figura seja permeadas por lendas.

Acima, imagem do Castelo de Vlad III, na Romênia
Acima, imagem do Castelo de Vlad III, na Romênia
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Raramente, na tradição do gênero do terror (quer na literatura, quer no cinema), uma personagem teve tanto impacto quanto o Conde Drácula. Esse personagem foi desenvolvido pelo escritor irlandês Bram Stoker em um romance homônimo publicado em 1897. Para escrever o livro, Stoker debruçou-se sobre o estudo de lendas e narrativas populares do leste europeu, em especial da região de Cárpatos, que integra partes dos atuais países da Romênia, Ucrânia, Polônia, Eslováquia e Hungria. Essas lendas implicam uma mistura de histórias de vampiro com satanismo e remetem, também, a uma personagem real, que viveu no período da Idade Média, nascida na Transilvânia, região romena. Seu nome era Vlad III (1431-1476).

Tópicos deste artigo

Uma história marcada por terror e crueldade

A história de Vlad III é considerada uma das mais curiosas e cruéis da história. O sobrenome romeno de Vlad III era Dracuela, que significa algo próximo de “filho do dragão”. Isso porque seu pai, Vlad II, pertencia a uma seita religiosa cujo símbolo era o dragão. Por essa razão, Vlad III também ficou conhecido como Vlad Dracul¹ ou, simplemente, Drácula. Tanto Vlad III quanto os seus antepassados estiveram em guerras sangrentas contra os povos vizinhos, sobretudo húngaros e otomanos. Esses últimos tentaram expandir os seus domínios em direção ao leste europeu após terem dominado a cidade de Constantinopla, em 1453, e entraram em um longo conflito com os romenos.

Vlad III era príncipe e também ficou conhecido como Vlad Tepes, tendo reinado sobre uma região específica da Romênia chamada Valáquia. Durante sua estadia no poder, os guerreiros das outras nações que eram capturados pelos romenos sofriam torturas e mortes carregadas de extrema crueldade. Os procedimentos, segundo consta em alguns livros dedicados à investigação da vida de Vlad III, iam desde mutilações das mais variadas partes do corpo até decapitações e, sobretudo, empalamentos. Esse último procedimento consistia no depósito do corpo de uma pessoa (viva) sobre uma estaca de madeira. O ponto da perfuração geralmente variava: ou no umbigo ou no ânus. A morte era lenta, dolorosa e agônica.


Busto de Vlad III, o verdadeiro “Drácula”.*

Há uma história que diz respeito ao modo como Vlad Tepes eliminou os seus inimigos políticos: conta-se que o príncipe organizou um banquete para os outros nobres do território romeno e, no momento em que os servia, os soldados de Vlad entraram no recinto, ataram os nobres, viraram-nos de barriga para cima e empalaram-nos lentamente. Há ainda a lenda que diz que o príncipe, enquanto os seus convidados eram mortos, bebia-lhes o sangue. Em razão dessas e de outras crueldades, Vlad III tornou-se um personagem temido e lendário. A posteridade passou a associar a sua figura a seres mitológicos e demoníacos. O episódio de “beber o sangue” dos inimigos longo passou a remeter Vlad ao imaginário do vampirismo, que foi aproveitado por Bram Stoker.

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No romance de Bram Stoker, que foi construído sob o modo de uma coletânea de escritos (diários, notícias de jornal e cartas), sem um narrador fixo, há referências claras à região onde viveu Vlad III, Carpátos, e aos povos que ali habitavam, como pode ser visto a seguir, em um trecho do diário de um dos personagens, Jonathan Harker:

Ao cair da noite, entramos por um desfiladeiro: à direita e à esquerda, os Cárpatos se tingiam de azul e púrpura nos cimos; e de verde e cinza nas ravinas. A distância, percebiam-se os picos nevados, que o pôr do sol torava cor-de-rosa. Cruzamos com alguns raros passantes, eslovacos em trajes pitorescos. Alguns traziam ao pescoço um horroroso papo. Cruzes se levantavam ao longo do caminho. Diante de cada uma delas, meus companheiros se persignavam piedosamente.” [2]

Conde Drácula no cinema

As lendas sobre Drácula, ou Vlad III, foram exaustivamente trabalhadas pelo cinema. Três produções destacaram-se: “Drácula”, de 1931, dirigido por Tod Browing e interpretado por Bela Logosi; “Drácula”, de 1958, dirigido por Terence Fisher e interpretado por Christopher Lee; e “Drácula de Bram Stoker”, de 1992, dirigido por Francis Ford Coppola e interpretado por Gary Oldman.

*Créditos da Imagem: Shutterstock e ncristian

NOTAS:

[1] Vale ressaltar que o termo “dracul”, em romeno contemporâneo, tem o significado de “diabo”, em razão da conotação macabra que o portador do nome lhe deu.
[2] STOKER, Bram. Drácula, o homem da noite. (trad. Lúcio Cardoso). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013 p. 14.

Por Me. Cláudio Fernandes

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FERNANDES, Cláudio. "Vlad III, o verdadeiro Conde Drácula"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/vlad-iii-verdadeiro-conde-dracula.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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