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Os 100 anos do Hino Nacional Brasileiro

O processo de oficialização do nosso hino reflete as diversas transformações políticas do Brasil
O processo de oficialização do nosso hino reflete as diversas transformações políticas do Brasil
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Sendo considerado um dos mais belos hinos nacionais do mundo, o Hino Nacional Brasileiro completa seu primeiro centenário rodeado de questões históricas que remetem ao processo de consolidação de nossa nação. Conforme bem sabemos, a formação de uma identidade nacional foi um problema que sempre incomodou os vários intelectuais que se preocuparam com a formação ou a simples existência de um sentimento de unidade entre os brasileiros.

Nesse sentido, o Hino Nacional faz parte desse processo de construção identitária e tem suas origens remontadas ao período de independência do nosso país. Logo após a proclamação de 1822, alguns brasileiros tiveram a necessidade de legitimar a autonomia política do país por meio das mais diferentes manifestações. Entre esses manifestantes estava o músico Francisco Manuel da Silva, que compôs a parte musical do hino como forma de delimitar um símbolo próprio da nação.

O primeiro nome dado à composição foi de “Hino ao 7 de Abril”, em clara reverência ao dia em que o imperador Dom Pedro I oficializou a emancipação política do território nacional. Durante todo o período imperial houve algumas poucas tentativas de se incluir uma letra à música composta por Francisco Manuel. Certamente, parecia ser bastante complicado criar um tipo de poesia que, em meio às conturbações políticas da época, pudesse agradar boa parte da população.

Em 1889, momento em que os militares promoveram o golpe que instalou o regime republicano no país, o nosso hino sofreu um sério risco de extinção. No momento em que deram fim à ordem monárquica, os novos personagens políticos que assumiam o país tinham o claro interesse em elaborar novos símbolos que representassem a nova situação política do país. Um dos mais conhecidos exemplos dessa mudança aconteceu com a nossa bandeira.

Durante o governo de Deodoro Fonseca, chegou a ser realizado um concurso que pretendia escolher uma nova música para a nação. Contudo, mediante a manifestação popular e preferência do próprio presidente, o governo republicano achou melhor conservar o antigo hino originário do período imperial. Nesse meio tempo, o Brasil era musicalmente representado por uma bela composição, mas nada foi feito para que uma letra pudesse se alinhar àqueles sons oficialmente e popularmente reconhecidos.

A providência que transformou essa situação do “hino sem letra” foi regularizada com a proposta do deputado federal Coelho Neto. Sua sugestão foi a de abrir um novo concurso pelo qual uma letra para o Hino Nacional Brasileiro pudesse ser escolhida. Já conhecido no meio literário e jornalístico da época, Osório Duque Estrada se inscreveu e venceu a disputa com a poesia que hoje define nosso hino. Apesar disso, os versos de Duque Estrada não eram oficialmente reconhecidos pelo Estado.

Somente em 1822, ano em que se organizavam as comemorações do centenário da independência do Brasil, é que a situação foi realmente resolvida. Para acertar os compassos entre a letra e a música foram utilizados os préstimos do maestro Alberto Nepomuceno. Nessa época, o maestro Francisco Manoel já havia falecido e, por isso, coube a outro colega de profissão dar fim à saga da obra que hoje integra os símbolos do nosso país.


Por Rainer Sousa
Graduado em História

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Escritor do artigo
Escrito por: Rainer Gonçalves Sousa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Os 100 anos do Hino Nacional Brasileiro"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil2/os-100-anos-hino-nacional-brasileiro.htm. Acesso em 25 de abril de 2024.

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