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A região Sul possui paisagens um pouco diferenciadas do restante do país em seus aspectos naturais e humanos. Em razão de sua localização geográfica ao sul do Trópico de Capricórnio, que proporciona latitudes mais elevadas, assim como a ocorrência de áreas com grandes altitudes, possui a predominância do clima subtropical, com a presença de invernos um pouco mais rigorosos do que os registrados na maior parte do Brasil. A região também apresenta características sociais e culturais relacionadas a outros grupos étnicos. A maioria da população é constituída por descendentes de imigrantes europeus italianos, alemães e eslavos.
Por muito tempo o Brasil meridional esteve fora do alcance dos interesses portugueses, estando distante das células iniciais de colonização e consequentemente do eixo econômico estabelecido entre o Brasil e a Metrópole, como no caso do ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste. Era uma região que não tinha a especialidade de produzir algum tipo de monocultura e que também não detinha algumas das drogas do sertão mais requisitadas pela metrópole.
No litoral paranaense, a mineração, no início do século XVII, deslocou os paulistas para a região, onde foi fundada a Vila de Paranaguá (1648). A divulgação de dados superestimados quanto a localização de jazidas de ouros conduziu os paulistas até o rio do Prata. Em 1680, foi construído na margem esquerda do Prata o forte que marcou a fundação da Colônia de Sacramento (atual Colônia, no Uruguai).
Entre as cidades de Laguna (Santa Catarina) e a Colônia de Sacramento foi constituído o comércio de gado, sendo um local de organização de expedições entre Rio Grande do Sul e São Paulo. Na segunda metade do século XVIII, ocorreu a introdução da mão-de-obra de açorianos para o povoamento contínuo da área entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. O interesse português era o de fixar o homem na terra através da agricultura, algo que a pecuária não conseguia estabelecer.
A ocupação do extremo sul do território brasileiro foi realizada por luso-brasileiros, também durante o século XVIII. No Rio Grande do Sul, a pecuária atendia às necessidades do próprio estado, de Santa Catarina e, mais tarde, de Curitiba, com a fabricação de couro e charque. A pecuária não contribuiu para a formação de contingente de população, mas para a posse da maior parte do território.
No século XIX, a chegada de imigrantes alemães, italianos e eslavos modificou profundamente a ocupação da região, pois esses povos iniciaram um povoamento ligado às atividades agrícolas realizadas em pequenas e médias propriedades de cultivos de subsistência, introduzindo novos cultivos como o trigo e a uva. As condições climáticas mais semelhantes ao clima europeu e, por outro lado, desfavoráveis às lavouras tropicais, reduziram a presença de latifúndios.
Dessa forma, a partir de 1820 teve início o primeiro contingente de imigração alemã, com destaque para as áreas correspondentes aos atuais municípios de São Leopoldo (Rio Grande do Sul), Rio Negro (Paraná) e São Pedro de Alcântara (Santa Catarina). Na segunda metade do século XIX, muitos desses imigrantes começaram a rumar no sentido oeste da região, interiorizando a ocupação.
Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP