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Os transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (em inglês, GMO), são produzidos em laboratório a partir da introdução de genes de outras espécies com a finalidade de atribuir a eles características que não poderiam ser incorporadas de forma natural ou por seleção artificial.
Um exemplo é uma nova variedade de algodão, desenvolvida a partir de um gene da bactéria Bacillus thuringensis, que produz uma proteína extremamente tóxica a certos insetos e vermes. Outros, mais ousados, incluem feijão de corda resistente à seca, soja com anticorpos contra o câncer, alface e tomate com proteína antidiarreica e animais transgênicos com leite enriquecido.
A utilização desses organismos e de produtos que os contêm é um tema de bastante destaque e controvérsias. Os defensores - como as empresas Monsanto, Dupont, Syngenta, Groupe Limagrain, Land OLakes, KWS AG, Bayer Crop, Takii, Sakata e DLF-Trifolium - afirmam que esses alimentos são mais produtivos e resistentes, reduzem o uso de pesticidas e podem acabar com o problema da fome no mundo. Assim, segundo eles, os GMO utilizam-se de menos recursos naturais e melhoram a vida dos agricultores.
Já a vertente contrária frisa primeiramente as questões éticas, questionando até onde vai o direito humano de alterar a natureza e aponta que, desde Malthus, sabe-se que o problema da fome não é em razão da falta de alimentos, mas sim à má distribuição destes – o que contraria o argumento dado por aqueles que defendem os GMO.
Além disso, algumas evidências já foram identificadas, como o fato de que o material genético transgênico suplanta o perímetro de 20 metros (definidos como "seguros" pela CTNBio) entre as culturas, contaminando lavouras convencionais, como no Paraná, pelo milho MON 810; intoxicação de espécies animais e vegetais por componentes de transgênicos, como anfíbios, pelo glifosato; a resistência dos GMO (e das pragas agrícolas, como a lagarta-do-cartucho) aos pesticidas, fazendo com que a utilização desses produtos, após alguns anos, supere de forma assustadora os valores utilizados em culturas convencionais (segundo o Ibama, 85% a mais), causando impactos ambientais ainda maiores; a ocorrência de alergias, intolerâncias alimentares e outros problemas fisiológicos (o jornal britânico The Independent divulgou que a Monsanto havia realizado uma pesquisa que apontava que ratos alimentados com uma dieta rica em milho geneticamente modificado desenvolveram rins menores e alterações em seu sangue); eliminação ou afastamento de polinizadores; e a possível monopolização da agricultura nas mãos de grandes empresas, prejudicando a agricultura familiar (esta que responde pela maior parte dos produtos alimentares consumidos no Brasil). Em relação a esse último fator, é interessante pontuar o caso das plantas transgênicas estéreis, classificadas como sendo do tipo “terminator”: por não se reproduzirem, fazem com que o agricultor tenha a constante necessidade de comprar novas sementes, além do agrotóxico específico dessa cultura, chamado Round-up, produzido pela mesma empresa.
Existe também a possibilidade de esses alimentos diminuírem ou anularem o efeito de antibióticos no organismo (lembrando que em muitos deles são utilizados genes bacterianos) e a de se perder o controle sobre os indivíduos originais e os transgênicos, podendo causar impactos inestimáveis em toda a biodiversidade, como adição de novos genótipos, eliminação de espécies, exposição de indivíduos a novas doenças, redução da diversidade genética e interrupção da reciclagem de nutrientes e energia. Vale ressaltar a pesquisa feita por pesquisadores do Instituto Central de Animais Experimentais do Japão, publicado na revista científica Nature, que demonstrou que macacos transgênicos podem passar o gene implantado para os filhotes - significando que são reais tais possibilidades citadas.
Assim, percebe-se que, pelo menos até que mais estudos sejam feitos, até que melhorias na fiscalização sejam adotadas e até que argumentos e resultados consistentes relativos à segurança desses tipo de produto sejam fornecidos, deveria ser considerado o princípio da precaução. A falta de créditos a essa prática permitiu que o mal da vaca louca pudesse também causar contaminações humanas e que inúmeros bebês nascessem com deformidades pelo uso da talidomida por suas mãe, durante a gestação.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia