PUBLICIDADE
A zona abissal corresponde a mais de 70% da biosfera do planeta, embora seja também uma das menos conhecidas. É a região mais profunda dos oceanos, localizada abaixo de dois mil metros de profundidade. Assim, além de possuir pressão extremamente alta, este ambiente se apresenta muito frio e também escuro.
Em razão destas condições, muitos estudiosos acreditavam que a zona abissal era uma região inóspita. Entretanto, na atualidade, sabe-se que esta ideia não é verdadeira. Lá são encontrados alguns animais surpreendentes, extremamente adaptados a este ambiente, com uma variedade de estratégias para conquistarem sua sobrevivência. Olhos grandes, muito pequenos ou ausentes; e tamanho corporal pequeno são algumas delas.
Outras características se referem à própria dieta: como há poucas algas nestas regiões, a maioria dos animais abissais é carnívora. Como a disponibilidade de presas não é abundante, bocas enormes e estômago de grandes proporções, encontradas, por exemplo, no diabo-marinho ou peixe-pescador-das-profundezas (Linophryne arborifera), permitem que o animal devore indivíduos tão grandes ou até maiores que ele mesmo, podendo permanecer por muito tempo sem se alimentar novamente.
Dentes afiados e entreabertos conferem melhor desempenho na hora de abocanhar a vítima e impedem que estas escapem de sua boca. O peixe-víbora-abissal (Chauliodus sloani) é um exemplar que contempla este caso. Já o peixe-ogro, Anoplogaster cornuta, se alimenta dos detritos encontrados pelo caminho...
A bioluminescência, que é a capacidade de emitir luz, é outra estratégia. Tal ornamentação facilita a atração de presas e também de parceiros reprodutivos em potencial. O diabo-marinho, o peixe-víbora-abissal, o machado-de-prata (Argyropelecus hemigymnus) e a lula-vampiro (Vampyroteuthis infernalis) são alguns representantes que possuem esta adaptação.
Falando em reprodução, indivíduos de algumas espécies, como os Gonostoma gracile, possuem um modo de vida surpreendente: ora se apresentam com sexo feminino, ora, sexo masculino. Outros são hermafroditos e se autofecundam.
Talvez o caso mais surpreendente de todos seja o que acontece com o macho de Melanocetus johnsonii. Este, morfologicamente bem menor que a fêmea, fixa-se no corpo desta e passa a compartilhar até mesmo de sua corrente sanguínea, aproveitando-se de seus nutrientes, já que nasce sem sistema digestivo. Com o tempo, degenera-se, restando apenas suas gônadas. Estas liberam espermatozoides quando a fêmea está apta, fecundando-a.
Instigante, não?
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia
Equipe Brasil Escola
Reino Animalia - Reinos do Mundo Vivo - Biologia - Brasil Escola