PUBLICIDADE
As células-tronco são células produzidas durante o desenvolvimento do organismo e têm a capacidade de se diferenciar, originando qualquer célula do corpo. As células-tronco podem ser encontradas em dois estágios: embrionário,emque as células estão presentes no embrião humano e são capazes de formar qualquer tipo de tecido; e adulto, em que as células são encontradas na medula óssea, líquido amniótico, placenta, fígado, sangue e cordão umbilical.
O uso de células-tronco na recuperação de órgãos danificados por traumas ou doenças degenerativas vem sendo muito estudado por vários pesquisadores em todo o mundo. No Brasil, um estudo feito por pesquisadores do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) e do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiu transformar células do sangue menstrual em células-tronco capazes de se tornarem células embrionárias (estas se transformam em diferentes células, que podem formar diversos tecidos do corpo).
O procedimento usado para a coleta do sangue menstrual é o mesmo utilizado para a coleta de urina. O sangue foi coletado após uma higiene íntima, 24 horas após o início da menstruação. Em laboratório, foram isoladas as células-tronco mesenquimais que seriam utilizadas na pesquisa. As células mesenquimais são consideradas células do futuro pela medicina, em virtude da sua alta capacidade de transformação em tecidos do corpo.
Essa pesquisa surgiu da ideia de que o útero da mulher sofre acentuada renovação celular, e por isso ocorre maior plasticidade das células. Segundo uma das pesquisadoras responsáveis pela pesquisa, Regina Coeli dos Santos Goldenberg, as células mesenquimais são mais fáceis de serem transformadas em células-tronco embrionárias.
Pesquisas relacionadas ao sangue menstrual já vinham sendo realizadas a mais de 30 anos, mas somente em 2007 foram publicados estudos que utilizaram o sangue menstrual como material de pesquisa. Estudos realizados em animais mostram a eficiência das células-tronco mesenquimais, derivadas do sangue menstrual, no tratamento de doenças como o infarto, distrofia muscular, acidente vascular encefálico e isquemia de patas. Um estudo publicado no ano de 2009 mostrou que o uso dessas células é seguro para tratar pacientes com esclerose múltipla.
Regina Goldenberg diz que o principal desafio agora é “identificar qual tipo de doença seria mais beneficiado com esse tipo celular”. Para ela, “as próximas etapas incluem o uso dessas células em modelos experimentais de doenças cardíacas e hepáticas”.
Paula Louredo
Graduada em Biologia