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A utilização de animais em laboratórios, tanto para fins médicos quanto para fins comerciais, é uma questão muito polêmica. Animais de várias espécies, sendo os camundongos mais intensamente utilizados, são empregados em experiências científicas e testes a fim de comprovar a eficiência de produtos como vacinas, cosméticos, medicamentos etc.
O uso de animais com objetivos científicos é uma prática comum que vem sendo empregada desde a Antiguidade, mas para que essa prática seja aceitável do ponto de vista ético e exponha resultados eficazes, é dever do especialista a consciência de que o animal que está sendo utilizado como cobaia é um ser vivo e como tal possui instinto, além de ser sensível à dor.
A questão sobre os direitos dos animais e sua utilização em experimentos científicos vem sendo discutida desde muitos anos, mas, em 1860, um fato ocorrido foi decisivo para o estabelecimento de limites no uso de animais como cobaias em experimentos de laboratório. O fisiologista francês Claude Bernard dizia que o uso de animais vivos era indispensável para experimentações e, por isso, ele mantinha um laboratório e um biotério nos porões de sua própria casa. Cansadas de ouvir os gritos de animais que diariamente eram torturados, a esposa e a filha de Claude o abandonaram e fundaram a primeira sociedade francesa em defesa dos animais. A partir dessa associação, diversas outras sociedades protetoras dos animais também foram fundadas, assim como leis específicas para esse tipo de uso dos animais.
A avaliação dos projetos de pesquisa em animais deve ter o mesmo rigor que a realizada em seres humanos, sendo que os animais utilizados nesses projetos científicos devem receber toda a atenção e cuidado. Em 1959, o zoologista William M.S. Russell e o microbiologista Rex L. Burch publicaram um livro em que estabeleceram os três R’s das pesquisas em animais: replace (substituir), reduce (reduzir) e refine (refinar). Para eles, a substituição de animais em experimentos científicos já avançou muito, podendo ser utilizado, no lugar de animais, culturas de células, simuladores e modelos matemáticos. Ainda segundo Russell e Burch, os experimentos devem ser mais bem planejados e as instalações adequadas, com pesquisadores capacitados para fazerem pesquisas em animais.
Como dissemos no início do presente artigo, esse é um assunto muito polêmico, que será alvo de vários questionamentos e discussões, tanto por parte dos protetores dos animais, quanto por parte de pesquisadores e cientistas. Mas, como sugeriu o filósofo Jeremy Bentham no ano de 1789, a questão não está ligada apenas ao fato de esses animais poderem raciocinar ou pensar e sim: Podem eles sofrer?
Por Paula Louredo
Graduada em Biologia