PUBLICIDADE
Segundo os manuais de economia, os chamados recursos produtivos (ou fatores de produção) são elementos utilizados nos processos produtivos de todos os tipos de bens (mercadorias) necessários à nossa vida material. Dessa forma, referem-se aos chamados insumos (como o trabalho, a matéria-prima e o capital). Para Karl Marx, pensador do século XIX que produziu uma das mais importantes críticas à estrutura da sociedade capitalista, os recursos produtivos estariam divididos da seguinte forma no contexto de uma sociedade de classes: aos proletários (trabalhadores, operários) caberia o trabalho (recurso de pouco valor), isto é, sua força de trabalho é vista como recurso produtivo; enquanto que os meios de produção, como a fábrica, a máquina e o capital (recursos mais valiosos), estariam exclusivamente sobre o poder de uma classe dominante, a classe burguesa.
Assim, em linhas gerais, os principais recursos produtivos estão entre: trabalho, terra, matéria-prima, capital e capacidade de produção. Ao se iniciar pela questão da terra enquanto fator de produção, de maneira geral refere-se aos recursos naturais que dela podem ser extraídos. Logo, da terra dependem certas atividades, como extração de minérios (minério de ferro, cobre, estanho, ouro, prata, etc.), extração de petróleo, além é claro das mais diversas culturas agrícolas e da própria construção civil. Ou seja, enquanto insumo, ora a terra fornece matérias-primas naturais (petróleo e ferro, por exemplo) que apenas são extraídas pelo homem, ora ela contribui com seus nutrientes às plantações, sem se falar de sua necessidade física para a construção de casas, prédios, fábricas e outros empreendimentos. Daí seu valor econômico ser um dos maiores em termos de recursos produtivos. Logo, independente da natureza do ramo de atividade que tem a terra como meio de produção, vale dizer que os recursos provenientes são recursos escassos.
Outro fator de produção fundamental e que certamente sofreu e sofre transformações ao longo da história é o trabalho: esforço humano, físico ou mental (intelectual) para a produção de bens e serviços. Obviamente, enquanto fator de produção, o trabalho dispensa maiores explicações, pois, a despeito de estar entre os recursos produtivos de menor valor econômico, é certamente protagonista de qualquer modelo de produção. Afinal, é por meio do trabalho que o homem interage e transforma seu meio e a natureza (e, através de técnicas, obtém o que necessita para sua vida material). Seja no campo, colhendo frutos, seja na cidade, no chão da fábrica, o trabalhador está presente com sua força de trabalho, em maior ou menor grau de especialização.
Como já citado, o próprio capital é um recurso produtivo, ou seja, um insumo necessário. O capital em si não se refere apenas à ideia de dinheiro corrente, mas a bens fabricados pelo homem para a produção de outros bens. É o que a economia chama de bens de capital, a exemplo de máquinas, tecnologia, ferramentas, computadores, estradas de ferro, portos, fábricas, etc. Segundo Nogami e Passos (2005, p. 13), tais instrumentos, entretanto, devem ser considerados como capital financeiro e não constituem riqueza, mas sim direito a ela. Não haverá aumento de riqueza na sociedade se esses direitos de papel (como próprio dinheiro, certificados, etc.) aumentarem sem que ocorra aumento correspondente de bens de capital (edifícios, equipamento, estoques, etc.). Finalmente, e não menos importante, mas muito ligado a esse último recurso apresentado, está a capacidade empresarial: refere-se à capacidade e à função do empresário no processo de produção, pois ele é quem organiza os demais recursos produtivos, investe, corre riscos e lucra, lançando mão de seus recursos financeiros, capacidade administrativa e empreendedora.
De fato, para o funcionamento do capitalismo, o investimento de capital pela classe burguesa (usando aqui uma terminologia de Marx e não o sentido pejorativo que a palavra adquiriu ao longo do tempo) em recursos produtivos ou fatores de produção é uma condição sine qua non, ou seja, sem a qual esse tipo de produção não se sustentaria. Mas uma observação deve ser feita enquanto ponderação acerca do capitalismo: a geração da pobreza, da exploração dos mais fracos, da desigualdade social consequente da má distribuição de renda e tantos outros problemas sociais são consequência direta do modo de produção capitalista. Dessa forma, um dos desafios contemporâneos está na tentativa de equacionar formas e caminhos para a promoção do crescimento econômico concomitantemente ao desenvolvimento social e também sustentável (do ponto de vista ambiental). Além disso, dentre os fatores de produção apresentados é certamente o trabalho, dado o aspecto social envolvido, que deve assumir a dianteira das preocupações de todos, pois ao trabalhador devem ser asseguradas, minimamente, boas condições de salário e de desempenho de suas funções no processo produtivo.
Referências:
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 3.ed. São Paulo: Pioneira, 2001. 475p
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas