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A etiqueta trata de regras e normas que estabelecem o comportamento socialmente aceito em diferentes ocasiões, baseando-se no trato de formalidades em momentos cerimoniais ou na convivência comum.
A prática da etiqueta tem origem no século XVI, em um contexto europeu em que a sociedade de cortes estava em seu ápice, principalmente na França, na Alemanha, na Itália e na Inglaterra. A história da etiqueta está relacionada ao processo civilizatório ao qual se refere Nobert Elias em seu livro intitulado “O processo civilizador”, em que Elias traça uma linha histórica dos diferentes processos que se deram no decorrer da história europeia em que surge a ideia de civilidade ou a busca pelo sujeito civilizado e o afastamento do que se considerava como barbárie. Em seu livro, Elias atribui a Erasmo de Rotterdam a autoria do significado da ideia de civilidade, que foi primeiro tratada no livro “Da civilidade em crianças”, que abordava os modos de comportamento a serem passados na educação infantil.
É no contexto histórico do Renascimento que Eramos de Rotterdam escreve seu manual de ensinamento de boas maneiras. Os valores humanistas estavam ligados à alta corte e àqueles que possuíam meios de ter maior instrução. Rapidamente os ensinamentos de Eramos se alastraram entre os membros das cortes europeias que se dedicavam em diferenciar seu próprio comportamento dos da plebe. A etiqueta passava a ser um indicador de status social atribuída à nobreza e à corte.
Nesse sentido, a etiqueta e a busca pelo ideal de civilidade são características das mudanças pelas quais passavam a sociedade europeia, que saía da idade média para a modernidade. A busca pela civilidade, ou o processo civilizador, é visto por Norbert Elias como um ponto de quebra entre dois momentos sociais distintos. É, no entanto, importante ressaltar que Elias o faz sem atribuir juízos de valores entre a ideia de “civilidade” como forma superior de uma educação. Ele a trata de forma analítica, vendo o processo civilizador como característica sintomática de um momento de mudança social. Para exemplificar, Elias no faz pensar em como nos sentiríamos se de uma hora para outra fossemos transportados para o período da idade média, em que muitos dos costumes, que tem origem neste período de exaltação à civilidade, que temos hoje não existiam.
A etiqueta é ainda hoje vista socialmente como sinal de boa educação e possui carga de status social, que é atribuída tanto àquele que não a tem quanto àquele que a possui.
Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia