PUBLICIDADE
A fissura labial, conhecida popularmente como lábio leporino, é o resultado de malformações congênitas. Infecções maternas durante a gravidez, como rubéola, toxoplasmose e herpes; uso de determinados remédios, álcool, cigarro e/ou outras drogas; deficiências nutricionais, e o próprio fator genético; propiciam sua incidência.
Caracterizada como uma abertura na lateral dos lábios superiores, entre a boca e o nariz, pode comprometer também dentes, gengiva, maxilar superior e o próprio nariz. Em muitos casos, este problema também vem associado à fenda palatina, que é uma abertura no céu da boca, parcial ou total, e que permite a comunicação direta da cavidade oral com o aparelho nasal. Nestas situações, falamos em fissuras labiopalatinas. Tais anomalias afetam cerca de uma criança a cada 700 gestações. O lábio leporino é mais frequente em meninos, e a fissura palatina, em meninas.
Além de se apresentarem como um problema estético, e que podem causar problemas na socialização da criança; a dentição, audição, fala e a própria deglutição podem ser prejudicados. Além disso, os riscos de infecções, tais como pneumonia, em razão da aspiração do alimento, e o desenvolvimento de anemias, são maiores.
Assim, quanto mais cedo se fizer o tratamento, as chances da criança não passar por estes problemas são menores. O acompanhamento e assistência aos pais são primordiais, já esses possuem alguns desafios adicionais, como a amamentação da criança, higiene bucal, desenvolvimento da fala e procedimentos relativos às possíveis situações de bullying que a mesma poderá enfrentar – o que pode provocar efeitos emocionais sérios. Em razão de sua complexidade e a necessidade de intervenções específicas de várias áreas médicas, o tratamento é feito por uma equipe multidisciplinar.
Na atualidade, este problema de saúde pode ser diagnosticado ainda na gravidez, a partir do terceiro mês. A cirurgia corretiva dos lábios já pode ser feita nas primeiras 24 horas após o nascimento; a do palato mole, a partir dos três meses; e a do palato duro, entre doze e dezoito meses de idade. Esse último procedimento é longo e feito em etapas; e até sua conclusão, pode ser recomendado o uso de aparelhos bucais que cobrem a fenda palatina. Além desses procedimentos, outras cirurgias podem ser necessárias, a fim de melhorar a estética e/ou a fala.
A cirurgia pode ser feita, gratuitamente, pelo SUS, em diversos centros especializados distribuídos pelo país. Vale lembrar, também, do valoroso trabalho da Organização Não Governamental Operação Sorriso que, desde 1982, em mais de 50 países, oferece apoio às famílias e cirurgias reconstrutivas gratuitas a crianças que não têm condições de realizá-las por outros meios – tudo isso por meio de ações voluntárias, inclusive o trabalho dos profissionais, devidamente qualificados.
Curiosidade: Você sabia que Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, é embaixador da Operação Sorriso do Brasil? Aqui ele relata, de forma muito emocionante, sua experiência neste trabalho.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia