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Na organização do panteão divino do candomblé, observamos que os indivíduos possuem um universo específico de orixás aos quais seguem e pedem proteção. Tendo importância central no funcionamento da crença, vemos que o contato com os orixás acontece de forma regular e ocupa a importante tarefa de reforçar os laços entre o adorador e a sua divindade. Entretanto, apesar da proximidade, não devemos esquecer-nos da presença de uma hierarquia a ser respeitada.
Muitas vezes, a organização hierárquica pode ser compreendida nas várias exigências rituais que precedem o contato com uma divindade e o pedido por sua ajuda. Sob tal aspecto, os erês aparecem como divindades infantis responsáveis pela ligação entre o adorador e seu orixá. Com sua leveza de espírito e espontaneidade, o erê possibilita comunicação indireta entre o orixá e o seu seguidor. Exerce, assim, a função de representante do orixá a ser consultado.
Tendo posição comunicativa, os seguidores do candomblé também acreditam que o erê de seu orixá os auxiliam na passagem da consciência à inconsciência, e vice-versa. Sendo assim, ele teria o justo poder de amenizar o baque e os incômodos que uma pessoa sentiria ao retornar do transe. Em geral, ele conhece todas as demandas e necessidades de uma pessoa iniciada nos rituais de adoração a um orixá. É com essa sabedoria que ele transmite as dúvidas e questões que circundam a vida do adorador.
Não tendo um nome único, os erês assumem nominações que são adequadas ao comportamento do orixá que ele representa. Nos rituais, os erês costumam se comportar como crianças que desconhecem os padrões de comportamento vigentes. Fazem perguntas inapropriadas, pedem doces e se expressam com a dificuldade típica de uma criança que ainda aprende a falar. Simbolicamente, os erês representam a pureza e a inocência de espírito.
Por Rainer Sousa
Graduado em História