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O que é Tédio?
O tédio é definido pelos dicionários da língua portuguesa como um sentimento de desgosto, de aborrecimento sem causas aparentes. Além disso, é definido como um sentimento enfadado resultante de alguma espera. Uma nova definição para o tédio foi publicada recentemente como resultado de uma pesquisa canadense, que define o tédio como “a experiência adversa de querer, mas não conseguir, exercer uma atividade gratificante”. Todas as definições apontam para a dificuldade em lidar com estímulos, que está na base do tédio.
Quais são os sintomas do tédio?
Tédio não é doença e, talvez por isso, falar em sintomas possa ser complicado, mas podemos dizer que, como condição, o tédio pode apresentar sinais indicadores, como o sentimento de vazio, falta de vontade de realizar atividades rotineiras e o desinteresse pela realidade vivida. É importante atentar para a intensidade desses sinais que, em condições extremas, podem ser indicativos de depressão. Nos casos de tédio, a duração desses sinais é menor, as atividades parecem sem sentido e enfadonhas.
Como o tédio se instala?
É importante ter em mente que quando falamos em tédio, não estamos tratando de uma entidade ou um parasita que toma conta do corpo humano. Estamos nos referindo a uma forma de se relacionar com a realidade e seus estímulos. Nesse sentido, falar em tédio significa falar em um direcionamento das atenções voltadas para si, para o seu fracasso ou dificuldade em realizar atividades gratificantes. Resumindo, podemos dizer que o tédio se instala quando, por algum motivo, a vida ao redor deixa de ser interessante ou estimulante. Mas não se trata de culpabilizar o sujeito por sentir-se dessa forma. Existem inúmeros fatores sociais e culturais que contribuem para essa condição.
Tédio, cultura e sociedade
A sociedade em que vivemos desenvolveu formas de utilizar-se da cultura para alcançar objetivos outros, como o melhor rendimento no trabalho. Por isso, se você prestar atenção, vai perceber que as atividades prazerosas de sua vida ou seus momentos de lazer, em muito, são cópias da sua rotina de trabalho. Sair com os amigos para jantar, por exemplo, pode ser uma atividade facilmente comparada a uma reunião de negócios, já que, muitas vezes, acabamos falando de trabalho. Se você se senta para assistir a televisão, grande parte das cenas reproduz um dia cotidiano, rotineiro, e nossa atenção se prende a essa repetição, dando a impressão de que a vida é um contínuo, como se a situação atual fosse algo que sempre existiu e que sempre vai existir. Entender o tédio como parte desse processo, dessa enfadonha rotina que se estabelece, pode ser importante para que as discussões perpassem o sujeito, auxiliando-o a compreender sua condição emocional.
Como saber mais?
A nova definição de Tédio foi uma publicação da Universidade de York, que está na revista “Perspectives on Psychological Science”, disponível on-line. Alguns livros como Filosofia do Tédio, de Lars Fr.H. Svendsen, são uma importante forma de compreender como o tédio é assunto recorrente de filósofos.
Juliana Spinelli Ferrari
Colaboradora Brasil Escola