PUBLICIDADE
Marcello de Andrade e Paula Dias – JB – 26/3/04.
MAIORIA DOS MORADORES TEME PELA DESVALORIZAÇÃO DOS IMÓVEIS, MAS PREFEITURA DÁ ANDAMENTO AO PROJETO.
O projeto de construção de uma escola num condomínio do Itanhangá tem sido motivo de preocupação par os moradores. Localizado na estrada de Jacarepaguá, em meio à Floresta da Tijuca, o condomínio Village da Floresta enfrenta a proposta da prefeitura de construir uma escola municipal de ensino médio em suas dependências. A maior parte dos moradores não concorda com a idéia. Eles temem pela desvalorização dos imóveis e pela segurança.
O deputado federal Eduardo Paes, a convite dos moradores, participou de duas reuniões no condomínio, na primeira quinzena de março. Paes prometeu analisar o caso perante à Secretaria de Educação. Agora, a decisão estará a cargo da Rio Urbe.
O terreno que poderá abrigar a escola tem cerca de 1.500 metros quadrados e atualmente abriga um jardim de eucalípitos e uma quadra de futebol soçaite. Até 2002, todo condomínio na Barra era obrigado a ceder espaço para o poder público. O síndico Frederico Coutinho, entretanto, pondera que isso não significa que o loção seja apropriado para abrigar uma escola.
O arquiteto e decorador Eder Meneghini, de 43 anos, aprova a instalação da instituição, que traria melhorias para o condomínio – inclusive promovendo a pavimentação do local.
- As pessoas têm que entender que abrigaremos uma escola, e não um presídio. E as pessoas que compraram terrenos aqui, há 20 anos, sabiam que poderiam dividir espaço com uma escola – ele diz.
A Secretária Municipal de Educação Sônia Mograbi, diz que o local deverá abrigar uma escola-padrão de ensino fundamental.
- O projeto está sendo elaborado. Tão logo fique pronto, será apresentado à comunidade, inclusive aos moradores do condomínio – ela explica.
BULLYING, A AGRESSÃO SILENCIOSA QUE CRESCE NAS ESCOLAS
LAURA ANTUNES / O GLOBO / MAR-2004.
X, de 11 anos, começou a perder o interesse, no ano passado, em assistir às aulas na escola Municipal Embaixador João neves da Fontoura, em Rocha Miranda, e a apresentar uma tristeza profunda, detectada pelos professores. A razão estava dentro da própria sala de aula. X era constantemente ridicularizada pelos colegas por causa do cabelo crespo. O constrangimento, à primeira vista uma inocente brincadeira de criança, passou a prejudica o desempenho da menina.
A humilhação sofrida por X é um caso exemplar de bullying – comportamento agressivo apresentado por grupos de alunos contra um ou mais colegas em situação de desigualdade. Esse tipo de situação se tornou alvo de um amplo trabalho realizado por uma equipe de Associação Brasileira de Proteção à Infância e à Adolescência – ABRAPIA, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, Ibope e Petrobrás.
Durante o ano passado, 5875 alunos, entre 10 e 19 anos, da 5ª a 8ª série, de 11 escolas cariocas(nove municipais e 2 particulares), das zonas Sul, Norte e Oeste foram entrevistados. O resultado, segundo os responsáveis pelo estudo, impressionou: 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de bullying – 16,9% como alvos, 10,9% como alvos e autores e 12,7% como autores.
A partir do resultado do levantamento – que acabou transformado no livro: Diga não para o bullying,integrantes da ABRAPIA promoveram encontros com alunos e professores dessas escolas.
Esse tipo de comportamento ocorre mundialmente. Há casos tão graves que resultam até em suicídio por parte do aluno alvo ou em reação violenta, com já ocorreu nos EUA, onde alunos invadiram a escola atirando a esmo, com forma de resposta às humilhações – afirma o pediatra Aramis Neto, coordenador do projeto.
Segundo ele, um dos relatos mais comoventes partiu de uma diretora, que e sentia culpada por não detectar antecipadamente um caso:
O fato só foi descoberto quando o aluno alvo, de 15 anos, considerado introvertido demais pelos colegas, foi espancado dentro do banheiro da escola. As humilhações até então não tinham sido percebidas pelos professores, já que na maioria das vezes, o aluno alvo não busca ajuda, preferindo o silêncio .
Esses atos ocorrem geralmente quando não há adultos presentes. Na escola Thomas Mann, no Cachambi foi identificado o caso de um aluna, de 13 anos, que sofria a humilhação de ser chamada de feia e recebia apelidos constrangedores.
As palestras realizadas pela equipe da ABRAPIA na escola serviram para procurar saídas para o problema: foi designado um grupo de alunos para identificar esses tipos de casos.
- A aluna apresentava uma infelicidade muito grande. Os professores e orientadores, então, tiveram conversas com os alunos autores do bullying para que entendessem o quanto faziam um colega sofrer e se gostariam de estar no lugar dele. Esse tipo de conversa serviu para melhorar e muito o relacionamento deles.
O motivo do bullying é variado: um comportamento introspectivo, obesidade, um nome curioso, orelhas de abano, cabelos crespos, a cor da pele,...
De acordo com o Dr. Aramis, dos alunos que revelaram no questionário terem sido vítimas de perseguição, 24% revelaram ter conseguido minimizar o problema conversando com os próprios colegas, 11% com os professores e orientadores e apenas 8% levando o problema para a própria família.
* As reportagens acima, foram citadas como fonte de complemento do artigo "Atitude, Preconceito e Estereótipo", portanto os direitos autorais das reportangens são devido aos seus respectivos autores.