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Mecanismo de Defesa

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Comportamento Ajustado

Tensão, Conflito e Ameaça

O homem sempre está em busca de estímulos, ele prefere ficar doente e cansado a ficar sem nenhum tipo de estímulo. A falta de estímulos pode trazer desânimo e até depressão ao ser humano, a tensão estimula-o a atuar mais efetivamente. Um excesso de tensão pode debilitar e deixar vulnerável o indivíduo, podendo até gerar um colapso diante da crescente complexidade da sociedade moderna.
Na verdade, alguns indivíduos têm maior probabilidade de se desestruturar e outros de gerar mudanças em suas vidas. Na verdade não são as mudanças que trazem tensão, mas a atitude tomada em relação a elas e o modo como reagem. As mudanças geram tensão por causarem conflitos, ou seja, pela presença de dois ou mais impulsos incompatíveis.
A tensão relacionada à mudança é agravada pelos conflitos e dilemas que devemos enfrentar como resultado da mesma.
Segundo os psicólogos Neal Miller e Kurt Lewin, existem três maneiras pelas quais os motivos podem ocasionar conflitos entre si que são: aproximação-afastamento, aproximação-aproximação e afastamento-afastamento.

Aproximação-afastamento

Quando sentimos atração e repulsa pelo mesmo objeto temos uma situação de aproximação-afastamento Um exemplo seria o de um gerente que tem um funcionário que vem se destacando na empresa e que por isso aumenta o seu salário para vê-lo render ainda mais (aproximação) e ao mesmo tempo ele tem medo que o funcionário ocupe o seu lugar na empresa (afastamento).

Aproximação-aproximação

Quando temos duas opções atraentes, temos o conflito aproximação-aproximação. Um exemplo é o de um funcionário que gostaria de comprar uma linha de telefone e que ao mesmo tempo está estressado precisando tirar férias e não sabe se tira férias ou recebe o dinheiro equivalente para comprar sua linha telefônica.

Afastamento-afastamento

Quando temos duas alternativas desagradáveis, temos o conflito afastamento-afastamento. Um exemplo poderia ser o de um funcionário mudar do setor que gosta de trabalhar, não receber nenhum aumento em troca e ainda ter um aumento na carga horária de trabalho.

Reações a situações ameaçadoras

Ameaça para alguns teóricos, é situação e experiência que percebemos estar interferindo em nossa capacidade de operar normalmente ou de alcançar as metas estabelecidas para nós mesmos.

Mecanismos de Defesa

As pessoas defendem-se inconscientemente da ansiedade que sentem numa situação perturbadora. Podem fazê-lo distorcendo a realidade e enganando a si mesmo esses são dois processos subjacentes que Freud denominou mecanismos de defesa. Todos nós usamos desses mecanismos para proteger nossa auto-imagem, o que é bastante comum em nossa vida diária. Temos necessidade de uma auto-imagem positiva, de aprovar nosso comportamento, e justificá-lo quando necessário. Às vezes, a única maneira de conseguir isto é através de processos inconscientes, iludindo-nos e alterando os fatos reais, de modo a preservar a nossa auto-imagem.
Quando os mecanismos de defesa são levados a extremos, assumindo um papel preponderante na vida das pessoas, a tendência dos psicólogos é considerar os comportamentos resultantes como anormalmente perturbados. Existem vários tipos de mecanismos de defesa, e embora os psicólogos divirjam em sua exata classificação, os mais apontados são:

Recalque

A medida defensiva fundamental do ego é o recalque. Freud considerou o recalque como a reação normal do ego infantil, cuja capacidade integradora é muito limitada. O recalque consiste na exclusão dos impulsos e suas representações ideacionais do consciente. Ocorre sempre que um desejo, impulso, ou idéia, ao se tornar consciente, provoca um conflito insuportável, resultando em ansiedade. O recalque de um desejo, em contraste com sua rejeição consciente, é uma inibição num nível mais profundo da personalidade. O fato de ser inconsciente poupa a personalidade consciente de um conflito penoso. A totalidade do ato transcorre fora do consciente. A rejeição é automática; se assim não fosse, o conteúdo mental inaceitável não poderia permanecer inconsciente. É uma inibição reflexiva que segue os princípios dos reflexos condicionados. É evidente que tais inibições inconscientes pressupõem uma percepção inconsciente interna, que leva ao reflexo de inibição automático.
O recalque é sempre exagerado e envolve tendências que o ego consciente não rejeitaria, se elas se tornassem conscientes. Essa função inibitória, automática e excessivamente severa é uma das causas mais gerais das perturbações psiconeuróticas.
Muitos sintomas psiconeuróticos são resultados de tensões insuportáveis provocadas por um recalque exagerado.
O estudo psicanalítico das neuroses e psicoses mostrou que as forças psicológicas recalcadas não deixam de existir. O ego deve tomar medidas defensivas contra elas, medidas que lhe esgotam os recursos dinâmicos e torna-o menos capaz de exercer sua função adaptadora de perceber a realidade externa. Perde, especialmente, a energia excedente que é a fonte das atividades criadoras, tanto sexuais como sociais.
No recalque ocorre uma supressão de parte da realidade, ou seja, o indivíduo “não vê” ou “não ouve” o que está acontecendo.
Exemplo: É muito comum quando um jovem executivo é contratado para uma organização antiga e tradicional, e os colegas de trabalho reagem inicialmente contra os impulsos do jovem funcionário, que sonha em fazer carreira na organização e tenta criar projetos para a melhoria da organização e é criticado pelos outros dizendo que já funciona tão bem assim e não precisa mudar.

Repressão

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A repressão é o esquecimento ou a negação inconsciente de detalhes significativos do comportamento, detalhe que são incompatíveis com o auto-retrato que estamos tentando manter. Na repressão há um bloqueio na consciência dos conflitos geradores de ansiedade ou de distúrbios na motivação. Eles são submersos no inconsciente.

Negação

Provavelmente é o mecanismo de defesa mais simples e direto, pois alguém simplesmente recusa a aceitar a existência de uma situação penosa demais para ser tolerada. Ex: Um gerente é rebaixado de cargo e se vê obrigado a prestar os mesmos serviços que exercia outrora.

Sublimação

É o mecanismo de defesa mais aprovado pela sociedade. Quando temos um impulso que não podemos expressar diretamente, reprimimos a sua forma original, e o deixamos emergir sob uma feição que não perturbe a outrem ou a nós próprios. Geralmente usamos a sublimação para expressar motivos indesejáveis sendo que, como a maioria dos outros mecanismos de defesa, ela opera inconscientemente mantendo-nos desconhecedores dos motivos indesejáveis.
Quando um impulso primitivo é inaceitável para o ego, é modificado de forma a se tornar socialmente aceitável, isso é sublimação.

Racionalização

A racionalização é utilizada nas mais diferentes situações, quer envolvendo frustração quer envolvendo culpa. Ocorre pelo uso da razão na explicação de estados “deformados” da consciência. O racional é usado para explicar o irracional, tomadas de posições sem sentido.
Quando as pessoas fazem coisas que não deviam, é comum sentirem culpa, e ao invés de admitirem a razão real de seu comportamento, preferem com freqüência racionalizar inventando razões plausíveis para o seu ato. Ex: Um funcionário tira dinheiro do caixa e é pego, fala que estava precisando muito e que no próximo mês devolveria todo o valor.

Projeção

Às vezes as pessoas se recriminam ou se sentem mal por terem certos pensamentos ou impulsos. Podem atribuí-los então a alguém, projetando nessa pessoa os seus próprios sentimentos. Isso fica muito claro com relação a impulsos poderosos, como o sexo e a agressão. Ex: Um gerente que sempre chega atrasado no trabalho reclama ao superintendente geral que seu funcionário nunca chega pontualmente.

Deslocamento

Este mecanismo está relacionado à sublimação e consiste em desviar o impulso de sua expressão direta. Nesse caso, o impulso não muda de forma, mas é deslocado de seu alvo original para outro. Ex: Ao ser despedido de uma empresa, um funcionário leal sente raiva e hostilidade pela forma como foi tratado, mas usualmente tem dificuldade de expressar seus sentimentos de forma direta.

Formação de reação

Às vezes, quando as pessoas se sentem ameaçadas por um impulso opressor, podem combatê-lo indo para o extremo oposto, e denunciando-o vigorosamente em outras pessoas. Assim, funcionários que trabalham sem motivação e de forma relapsa, podem ridicularizar seu companheiro de trabalho que cometeu algum deslize ou que também é relapso.

Conclusão

A relação entre o “Comportamento Social” e “Mecanismos de defesa”, está justamente na utilização de mecanismos inconscientes para justificar o comportamento do indivíduo no meio onde ele se relaciona. Nessa abordagem enfocamos principalmente o indivíduo inserido no meio organizacional, tomando como parte suas atitudes em relação ao grupo de trabalho, e a ele mesmo.
Para um indivíduo, a percepção de um acontecimento, do mundo externo ou do mundo interno, pode ser algo muito constrangedor, doloroso, desorganizador. Para evitar este desprazer, a pessoa “deforma” ou suprime a realidade - deixa de registrar percepções externas, afasta determinados conteúdos psíquicos, e assim interfere no pensamento. São vários os mecanismos que o indivíduo pode usar para realizar esta deformação da realidade, no qual chamamos de mecanismos de defesa.
São justamente estes mecanismos que vão regular o comportamento para um padrão ajustado ou desajustado, poderá depender da intensidade em que ele reprime certas emoções, e/ou fatos que ele não queira ou não saiba lidar.
Então, o uso destes mecanismos é de fundamental importância para a preservação do ego, e assim manter condições constantes de excitação no nosso organismo, e também promover com sucesso, uma integração entre o indivíduo e o mundo externo.

Bibliografia

STATT, David A .Introdução à Psicologia,SP. Ed. Harbra, 1978.

ALEXANDER, Franz .Fundamentos da Psicanálise, RJ. Ed. Zahar, 1963 .

LINDGREN, Henry C. e BYRNE, Don. Psicologia: Personalidade e Comportamento Social. RJ. Ed.:

Sindicato Nacional dos Editores de Livros. 1982. Traduzido do original americano por Ary Band.

Escritor do artigo
Escrito por: Brasil Escola Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

ESCOLA, Brasil. "Mecanismo de Defesa"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/mecanismo-de-defesa.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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