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O que é Frustração?
Frustração é o sentimento decorrente da não realização de um desejo ou tendência, ou seja, é a reação diante da expectativa não correspondida. Para entender melhor, podemos dizer que é aquilo que sentimos quando algo que queremos ou esperamos não acontece. Essa não satisfação do desejo gera uma espécie de tensão interna, experienciada, geralmente, como uma sensação de tristeza e aborrecimento ou, em alguns casos, de desespero.
Como diferenciar tristeza e frustração?
É importante, especialmente na infância, que os pais, cuidadores e educadores, sejam capazes de perceber quando a criança está triste e quando se sente frustrada. Na vida adulta, essa distinção também é relevante. Isso porque, apesar de apresentarem sintomas muito parecidos, os dois sentimentos têm origens e consequências bastante distintas. Quando uma expectativa é frustrada, os sentimentos de tristeza levam a atitudes de mudança e a uma melhor adaptação do sujeito, que é completamente diferente dos casos de Depressão, por exemplo, em que a tristeza também é sintoma característico.
Para exemplificar, vamos tomar a situação de uma pessoa que não consegue o emprego que almejava. Quando há uma frustração, esse sentimento está ligado a essa situação específica e pode gerar o desejo de aprimoramento para tentar outros empregos. No caso de uma Depressão, esse acontecimento seria apenas mais um dos motivos para o desânimo, uma vez que a tristeza não está ligada a causas específicas e pode imobilizar o sujeito.
A frustração é importante?
Apesar de parecer um sentimento decorrente de situações de fracasso, a frustração é de extrema importância para a constituição psicológica dos indivíduos. Alguns autores descrevem a frustração como necessária ao desenvolvimento infantil. Em níveis suportáveis, a falta, a carência ou a desilusão estão associadas ao desenvolvimento da capacidade de adiar gratificações, que é fundamental para a vida em sociedade. Nesse sentido, evitar frustrações pode ser um dos fatores de uma formação adaptativa deficiente: uma criança muito protegida ou cujos desejos foram sempre imediatamente satisfeitos pode ter dificuldades em compreender a realidade da existência adulta, em que o desejo e a satisfação estão cada vez mais distantes e exigem cada vez mais trabalho e dedicação. Uma criança despreparada para suportar frustrações pode se transformar em um adulto que desenvolve crises emocionais por razões ínfimas ou que se sente constantemente insatisfeito.
Não se pode, todavia, resumir a dificuldade adaptativa dos adultos à superproteção dos pais, já que existem outros fatores que influenciam nessa formação deficiente, como a cultura e as formas de organização da sociedade.
Na sociedade em que vivemos, o prazer e a satisfação são constantemente cultuados e a frustração aparece como a pior experiência. Todos os esforços estão voltados para evitá-la. A medicina se esforça para evitar as dores, entorpecendo seus pacientes. As escolas se esforçam para satisfazer os desejos de crianças e seus pais. As políticas públicas se empenham em produzir conforto psicológico, oferecendo a sensação de segurança que as pessoas necessitam para não pensarem em situações desconfortantes, como a realidade em que vivem. Nesse sentido, a inadaptação é generalizada: os adultos e crianças, incapazes de experienciar a frustração, porque foram despreparados para isso, são inundados por falsas realizações e se apegam ao conforto proporcionado artificialmente por elas. Falar em frustração está longe de se resumir ao sentimento de tristeza ou aborrecimento, antes disso, está na importância de ressaltar que a habilidade de adiar a recompensa é uma capacidade adaptativa que está sendo perdida por grande parte das pessoas.
Juliana Spinelli Ferrari
Colaboradora Brasil Escola