O césio-137 é um isótopo radioativo (radioisótopo) do elemento químico césio (Cs), cujo número atômico (Z), isto é, a quantidade de prótons no núcleo atômico, é igual a 55, e o número de nêutrons é de 82. Assim, a denominação “césio-137” vem do seu número de massa (A), que corresponde à soma do número atômico com os nêutrons (55 + 82 = 137). Desse modo, sua representação é dada por: 55137Cs.
O Cs-137 foi descoberto por meio de uma técnica chamada espectroscopia pelos cientistas Robert W. E. Bunsen (1811-1899) e Gustav R. Kirchhoff (1824-1887), que eram respectivamente professores de química e de física da universidade alemã de Heildelberg.
Esse radioisótopo emite radiações de seu núcleo. Conforme mostrado a seguir, ele desintegra-se, liberando, por exemplo, radiação beta (-10β), com consequente formação de outro elemento radioativo ainda mais nocivo, o bário-137:
55137Cs → -10β + 56137Ba
O césio-137 é bastante perigoso para o ser humano porque emite partículas ionizantes e radiações eletromagnéticas capazes de atravessar vários materiais, incluindo a pele e os tecidos do corpo humano, interagindo com as moléculas do organismo e gerando efeitos devastadores. Essa interação ocorre porque, assim como ocorre com todos os isótopos radioativos, o Cs-137 emite radiações com energia suficiente para retirar elétrons dos átomos e dar origem a cátions (partículas com carga positiva), que são altamente reativos e, por sua vez, podem causar alterações em reações que ocorrem nas células dos tecidos vivos, alterando o DNA e podendo causar o aparecimento de células cancerígenas.
A partícula beta liberada pelo césio-137 pode penetrar até 2 cm, quando incide sobre o corpo humano, e causar danos sérios. Juntamente às partículas beta são liberadas também radiações gama (00γ), que têm um poder de penetração ainda mais elevado, podendo atravessar completamente o corpo humano, causando danos irreparáveis. O bário-137 originado pelo césio-137 também libera radiações gama.
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Por ser um elemento da família dos metais alcalinos (família 1 na Tabela Periódica), o Césio é semelhante ao potássio (K) (que também pertence a essa família) e é capaz de substitui-lo nos tecidos vivos.
Um exemplo de quão nocivo esse radioisótopo pode ser foi o acidente que ocorreu em setembro de 1987, em Goiânia - Goiás. Resumidamente, dois catadores de lixo encontraram uma cápsula que continha césio-137 (na realidade, possuía cerca de 19 g de cloreto de césio (CsC?)) que estava entre os escombros de um hospital desativado. Os catadores levaram a cápsula e venderam-na para um ferro-velho. A cápsula acabou sendo violada e liberou o material radioativo, que chamou a atenção de muitos em virtude da luminescência do césio, que é um pó que brilha no escuro, em um tom azulado. O nome desse elemento, inclusive, tem origem no latim“caesius”, que significa céu azul. O resultado foi a morte de quatro pessoas, a contaminação de mais de 200 e a geração de mais de 7 toneladas de lixo atômico.
A contaminação pelo césio-137 pode ser prevenida através de seu isolamento com paredes grossas de concreto.
O césio-137, porém, possui vários usos benéficos, como pelas indústrias, na conservação de alimentos e, principalmente, na medicina. No aparelho de radioterapia, seu feixe radioativo é usado para atacar as células cancerígenas, e o chumbo da cápsula impede que essa radiação atravesse e contamine os materiais ao redor. Hoje se costuma usar o cobalto-60 no lugar do césio-137.
O Cs-137 é absorvido também pela água e pelo solo, apresentando uma meia-vida (tempo necessário para que metade de seus átomos radioativos se desintegre) de aproximadamente 30 anos.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química