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Durante a I Guerra Mundial uma situação inesperada ocorreu durante o natal de 1914. Entre as trincheiras onde estavam combatendo soldados ingleses e alemães, localizadas na região de Ypres, na Bélgica, ocorreu uma trégua não oficial decretada pelos próprios soldados.
Soldados alemães decoraram suas trincheiras com motivos natalinos, entoaram cantigas alemãs utilizadas para celebrar a data e passaram a comemorar com os soldados ingleses. Durante seis dias houve um cessar-fogo.
Mais inusitada ainda foi a realização de uma partida de futebol na chamada “terra de ninguém”, área localizada entre as trincheiras, entre soldados ingleses e franceses. O natal e o futebol uniram durante alguns dias os inimigos de guerra. Após esse episódio, oficiais dos exércitos inimigos decidiram evitar as tréguas não oficiais.
Entretanto, não foi apenas durante o natal de 1914 que houve confraternização entre soldados de países em conflito durante a I Guerra Mundial. Mesmo com as proibições dos oficiais, deserções e confraternizações entre soldados de diferentes nacionalidades continuaram a ocorrer, sendo essas ocorrências também umas das causas que levaram os países beligerantes a encontrarem um caminho para o fim da guerra. Durante o ano de 1916, tornaram-se mais frequentes os contatos entre soldados franceses e alemães, demonstrando a criação de laços de fraternidade entre os que anteriormente eram inimigos.
Além disso, diversos foram os momentos em que ocorreram rebeliões de soldados contra a participação nos morticínios da I Guerra Mundial, preocupando o alto oficialato dos exércitos beligerantes. O caso mais notável esteve relacionado com a Revolução Russa, que teve entre suas causas a insatisfação dos soldados na participação da guerra, que passaram a desertar em massa.
Posteriormente, durante a Guerra Civil que assolou o país após a tomada do poder pelos bolcheviques, motins pedindo a desmobilização das tropas aliadas que combatiam os revolucionários russos foram verificados. Tais exemplos demonstram que, apesar das tentativas do alto-comando dos exércitos de manter em guerra soldados divididos por nacionalidades, houve solidariedade entre os que eram obrigados a guerrear contra sua vontade.
* Crédito da Imagem: Museu Imperial da Guerra
Por Tales Pinto
Mestre em História