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Guerrilha e terrorismo

Os tipos de ação, características e perspectivas ideológicas que diferenciam guerrilha e terrorismo.

Mesmo que aparentemente semelhantes, terroristas e guerrilheiros possuem várias diferenças
Mesmo que aparentemente semelhantes, terroristas e guerrilheiros possuem várias diferenças
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Em vários textos que debatem os grupos armados espalhados pelo mundo e em diferentes épocas, vemos uma frequente utilização dos termos “terrorista” e “guerrilheiro” para definir os membros integrantes de alguns desses movimentos. Com a recorrência do uso constante das duas expressões, acabamos por ter a sensação de que ambos se referem a um mesmo tipo de organização ou a um mesmo conjunto de práticas.

Na verdade, são várias as distinções que podem ser feitas entre os grupos que se definem como guerrilha e os que são entendidos como terroristas. Uma primeira diferença pode ser vista na origem da própria definição. Em geral, os grupos guerrilheiros são os primeiros a se autodefinirem de tal modo. Por outro lado, a definição dos terroristas costuma partir de veículos de comunicação, analistas e opositores à existência do grupo armado.

Outro aspecto de diferença se reconhece na situação em que uma guerrilha e um grupo terrorista se formam. Os grupos terroristas costumam atuar em contexto onde não há um conflito formalizado e atingem pessoas que não tem relação direta com os inimigos dos terroristas. Por outro lado, as guerrilhas aparecem em situações de conflito ou instabilidade presentes. Além disso, centram suas ações armadas especificamente contra a quem se opõem.

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Em termos políticos e ideológicos, os grupos terroristas possuem um discurso de natureza revanchista, não se pautam por algum tipo de ideologia política definida e nem se interessam em buscar apoio amplo da população. Por outro lado, as guerrilhas tem uma orientação política fortemente centrada, geralmente interessados em uma experiência revolucionária que possa se consolidar com o apoio de outros setores da sociedade.

Deste modo, podemos especificar uma série de diferenças fundamentais que nos permitem distinguir guerrilheiros e terroristas. Mesmo estando à margem de algum tipo de poder constituído ou estando dispostos a matar e morrer por um propósito, esses dois tipos de ação armada não podem ser equiparados prontamente. Seus objetivos e formas de atuação mostram as várias faces que as situações podem assumir em um dado lugar e situação.


Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Brasil Escola
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG

Escritor do artigo
Escrito por: Rainer Gonçalves Sousa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Guerrilha e terrorismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/guerrilha-terrorismo.htm. Acesso em 29 de março de 2025.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

(ENEM)

1 – “(...) o recurso ao terror por parte de quem já detém o poder dentro do Estado não pode ser arrolado entre as formas de terrorismo político, porque este se qualifica, ao contrário, como o instrumento ao qual recorrem determinados grupos para derrubar um governo acusado de manter-se por meio do terror”.

2 – Em outros casos “os terroristas combatem contra um Estado de que não fazem parte e não contra um governo (o que faz com que sua ação seja conotada como uma forma de guerra), mesmo quando por sua vez não representam um outro Estado. Sua ação aparece então como irregular; no sentido de que não podem organizar um exército e não conhecem limites territoriais, já que não provêm de um Estado”.

(Dicionário de Política(org.) BOBBIO, N., MATTEUCCI, N. e PASQUINO, G., Brasília: Edunb,1986).

De acordo com as duas afirmações, é possível comparar e distinguir os seguintes eventos históricos:

I. Os movimentos guerrilheiros e de libertação nacional realizados em alguns países da África e do sudeste asiático entre as décadas de 1950 e 70 são exemplos do primeiro caso.

II. Os ataques ocorridos na década de 1990, como às embaixadas de Israel, em Buenos Aires, dos EUA, no Quênia e Tanzânia, e ao World Trade Center em 2001, são exemplos do segundo caso.

III. Os movimentos de libertação nacional dos anos 50 a 70 na África e sudeste asiático, e o terrorismo dos anos 90 e 2001 foram ações contra um inimigo invasor e opressor, e são exemplos do primeiro caso.

É correto o que se afirma apenas em:

a) I.

b) II

c) I e II

d) I e III

e) Il e III.

Exercício 2

Podemos afirmar que a palavra “guerrilha” deriva do espanhol “guerrilla” (pequena guerra), que teve sua origem no contexto:

a) das guerras pela Reconquista da Península Ibérica no século XV.

b) da Guerra Civil Espanhola.

c) da resistência espanhola às invasões napoleônicas.

d) das guerras pela Independência das Colônias da América do Sul.

e) da Guerra de Independência de Cuba, em 1898.

Exercício 3

(Mackenzie) As explosões de bombas na Embaixada dos Estados Unidos, em Nairobi e Dar es-Salaan, em 8 de agosto de 1998, e os atentados de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center e ao Pentágono aterrorizaram e desviaram a atenção do mundo ocidental para os grupos radicais islâmicos fundamentalistas e para o Islão. Noam Chomsky sobre o Islão e a suas relações com grupos terroristas.

A partir do texto, é correto afirmar que:

a) no Islão, o código moral e as normas de comportamento são definidos pelo Corão, e a Guerra Santa, contra o mundo ocidental, é pregada por grande parte dos islâmicos fundamentalistas.

b) segundo a tradição islâmica, a palavra Islão significa “pregação religiosa politeísta e idolatria anual às divindades na cidade de Meca”, prática defendida pelos fundamentalistas islâmicos.

c) os conflitos entre os norte-americanos e os fundamentalistas têm suas raízes na pretensão da ONU de organizar, no Islão, um Estado centralizado, nos moldes do Estado de Israel.

d) todos os integrantes do fundamentalismo islâmico condenaram as ações terroristas contra os EUA e os conflitos podem ser atribuídos às políticas de Osama bin Laden e George W. Bush.

e) os fundamentalistas não aceitam a defesa, por parte de alguns líderes do Islão e dos americanos, do direito de livre-escolha religiosa e da conversão dos não islâmicos à religião muçulmana.

Exercício 4

O adjetivo “terrorista” apareceu pela primeira vez no escrito Letters on a Regicide Peace (Cartas sobre uma paz regicida) do filósofo irlandês Edmund Burke, publicado em 1796. Burke referia-se a um período da Revolução Francesa, que se estendeu de 5 de setembro de 1793 a 27 de julho de 1794, conhecido como “o Terror”, comandado:

a) por Mirabeau.

b) pelos jacobinos.

c) pelos girondinos.

d) por Napoleão III.

e) por Napoleão Bonaparte.