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A Romênia foi um dos poucos países integrantes do bloco soviético em que houve derramamento de sangue na transição de regimes. Em dezembro de 1989, uma revolta popular iniciada na cidade de Timisoara ganhou corpo, dando lugar à Revolução Romena de 1989, pondo fim ao regime do Partido Comunista.
A Romênia aproximou-se do regime soviético em 1947, quando o Partido Comunista Romeno ganhou as eleições, formando uma República popular que forçou a abdicação do Rei Miguel que se refugiou no exílio.
A partir da década de 1960, a política do Partido Comunista Romeno distanciou-se da URSS, principalmente após a subida ao poder de Nicolau Ceausescu, em 1967. Ceausescu recusou-se a apoiar a invasão soviética à Tchecoslováquia em 1968. Esses posicionamentos fizeram com que o Ocidente evitasse a oposição direta ao regime romeno. Porém, Ceausescu matinha uma repressiva ditadura na Romênia, garantida pela ação violenta de espionagem e repressão por parte da polícia política, a Securitate.
Além da repressão e apesar dos investimentos estrangeiros na década de 1970, pairou sobre os romenos uma dura crise econômica na década de 1980, o que proporcionou o crescimento da insatisfação contra o regime de Ceausescu. Na cidade de Timisoara, capital do Banat, uma manifestação ocorrida em 16 de dezembro foi duramente reprimida pela Securitate, resultando em dezenas de mortos. Após o ocorrido, os habitantes da cidade revoltaram-se contra o regime de Ceausescu.
Em cinco dias, a revolta estendeu-se a outras cidades do país, atingindo a capital, Bucareste. Em uma tentativa de aplacar os descontentamentos contra seu regime, Nicolau Ceausescu convocou para o dia 21 de dezembro de 1989 uma manifestação para demonstrar que ainda havia apoio popular para se manter no poder, mas o tiro saiu pela culatra. Ceausescu foi alvo de inúmeras vaias, e a revolta intensificou-se.
Uma multidão invadiu as ruas de Bucareste, e Ceausescu refugiou-se na sede do Partido Comunista. Com a sede do PC Romeno invadida pela população revoltosa, Ceausescu e sua esposa, Elena, tentaram fugir de helicóptero do prédio. Entretanto, a população conseguiu apanhá-los. Os dois foram sumariamente condenados e executados no dia 25 de dezembro de 1989.
Após essas execuções, foi formada uma Frente de Salvação Nacional, composta por ex-comunistas e reformistas. No início de 1990, uma eleição realizada através do voto popular elegeu Iliescu como presidente do país. Além disso, o Partido Comunista foi declarado ilegal e as medidas mais impopulares de Ceausescu, tais como a proibição do aborto e a contracepção, foram revogadas.
O fim do comunismo soviético na Romênia diferenciou-se dos demais países do Leste Europeu por ter ocorrido através de uma revolta popular e com derramamento de sangue. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas tenham morrido durante a repressão às manifestações. Ceausescu foi executado e substituído, mas não foram substituídas muitas das pessoas que ocupavam o aparelho de Estado. Tal situação ainda hoje levanta um debate no país se houve ou não houve uma revolução em 1989.
* Créditos da Imagem: Kiev.Victor e Shutterstock.com
Por Tales Pinto
Graduado em História