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Há varias teorias sobre a introdução do gado no Rio Grande do sul. Uma destas teorias diz que o gado era originário dos pequenos rebanhos deixados por Hernandarias, em 1611 e 1617, na foz do rio Negro, afluente do rio Uruguai. Os Charruas comeram este gado vacum, porque quando a Colônia do Sacramento foi fundada só se encontrava gado na Vacaria do Mar.
Outra teoria afirma que Francisco Naper de Alencastro introduziu o gado em 1691, mas antes dessa data já se tem informação de rebanhos bovinos no Rio Grande do Sul.
A terceira teoria é a Missioneira. Em 1628 há relatos sobre rebanhos bovinos nas reduções. Em 1633 registra-se em pequeno numero nos povoados missioneiros. Só em 1634 o Padre Cristóbal de Mendoza introduziu o gado vacum em grande escala no território gaúcho.
VACARIA , em Castelhano baqueria, era o nome dado a grandes extensões de campos, onde missionários Jesuítas das Reduções e dos Sete Povos das Missões colocavam seus rebanhos, para se criarem soltos, alçados, formando reservas para suas estâncias.
A introdução do gado pelos jesuítas em 1629, da margem direita para a esquerda do rio Uruguai, foi o ponto inicial de um rebanho imenso que se propagaria aos terrenos baixos do rio Uruguai, que seria conhecido como "Vacarias do Mar" , e ao planalto e serra.
Os Jesuítas, com a chegada dos Bandeirantes, retiraram-se para a outra margem do rio Uruguai, levando os nativos, mas deixando o gado que criavam nas reduções. Esses rebanhos, abandonados no pampa e reproduzindo-se a solta, tornaram-se bravios e formaram uma imensa reserva de gado, conhecido como “Vacaria del Mar”.
A Vacaria do Mar, situada entre a Laguna dos Patos e os rios Jacuí e Negro, havia sido pilhada por espanhóis e portugueses. Para fugir à sanha predatória destes conquistadores, o superior provincial dos Jesuítas, Padre Lauro Nunes, em 1702, resolveu criar a “Vacaria dos Pinhais” , numa região que parecia inacessível a espanhóis e portugueses.
Este território corresponde à última vacaria realizada pelos Padres, denominada "Baqueria de los Pinares", esta estância foi fundada em 1697.
A região do Albardão da Serra ou Coxilha Grande fez parte por muito tempo de uma zona conhecida por "Vacaria dos Pinhais".
Fontes de abastecimento de espanhóis e portugueses foram os rebanhos do gado chamado "chimarrão” formado quase espontaneamente. Sobra a Vacaria dos Pinhais ou Campos da Vacaria, descreve em 1781 Francisco Roque Roscio:
"A terceira parte do terreno deste Continente e Governo do Rio Grande de São Pedro são os campos de cima da serra chamados Campos da Vacaria, que é uma extensão de terreno vasto e longo, cortado e banhado para os seus lados meridional e setentrional com vários rios que se esgotam da parte meridional para o Rio Guaíba e da parte setentrional para o Rio Uruguai. É formado ou levantado pelo meio com um Albardão Grande que se alonga e estende até as Aldeias e Campos das Missões Jesuítas no Uruguai e fechado pelos lados meridional e oriental com a Serra e a Cordilheira Geral; pelo lado setentrional com o Rio Uruguai, que tem seu nascimento na mesma cordilheira; e pelo lado ocidental, com a corda de mato (...) na passagem do Jacuí quando atravessa a mesma Serra".
Com a introdução do gado pelos Missionários Jesuítas, e a formação destas Vacarias, estava lançado o fundamento econômico básico de apropriação da terra gaúcha: a preia do gado xucro.
Economicamente, além da preservação do vantajoso comercio ilícito, implicou conhecimento, por parte dos portugueses, das imensas reservas de gado e da Vacaria del Mar. Nesta passou a se desenvolver uma intensa atividade de caráter predatório. Caçava-se o gado xucro para dele extrair o couro que era exportado para a Europa por Buenos Aires ou Sacramento. A preação do gado foi objeto da atenção de diferentes grupos sociais: Portugueses de Sacramento, Índios de aldeados que vinham para vaquear para os padres, “acioneiros” de Santa Fé, Corrientes e Buenos Aires, que preavam os animais com permissão das autoridades espanholas, e aqueles indivíduos que, “ sem rei, sem fé e sem lei” , vaqueavam por conta própria, vendendo os couros a quem lhes paguem mais. Até os ingleses estabeleceram na área um entreposto ligado a “south sea company”, para lucrarem com o negocio da courama.
Neste período, a carne não era considerada um bem econômico, sendo consumida no local aquela necessária à subsistência por ocasião do abate e a restante deixada apodrecer. A chamada Preia de Gado Alçado, para a comercialização do couro movimentou o extremo sul, atraindo as atenções para a região que se tornou conhecida pela sua riqueza pecuária.
A Vacaria do Mar estava num território que pertencia ao Rei de Espanha, pois a partir de 1640, com o termino da União da Coroa Ibérica, o suposto Tratado de Tordesilhas voltava à tona. Todavia o território era administrado pelos padres da Companhia de Jesus.
Com o abate desse gado para tirar couro e sebo, bem como levando tropas para São Paulo em 1739 não havia mais gado na região.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
• BARBOSA, Fidelis Dalcin, Vacaria dos Pinhais. Porto Alegre, Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, Caxias do Sul; Universidade de Caxias do Sul, 1978.
• FLORES, Moacyr. Historia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Nova Dimensão, 1996, 5ª ed.
• Colonialismo e Missões Jesuíticas. Porto Alegre, EST/ Instituto de Cultura Hispânica, 1996 3ª ed.
• FORTES, Amyr Borges. Compendio de historia do Rio Grande do Sul . Porto Alegre, Sulina, 1960,4ª ed.
• LAZAROTTO, Danillo. Historia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Sulina, 1982
• QUEVEDO, Julio. Rio Grande do Sul Aspectos das Missões. Porto Alegre, Martins Livreiro, 1991.
Texto escrito por Patrícia Barboza da Silva.