PUBLICIDADE
Uma das principais formas de se conhecer os horrores das guerras é principalmente através de relatos escritos por pessoas que viveram cotidianamente os conflitos. Dessa forma, os relatos de guerra são importantes fontes históricas para o estudo dos impactos que as guerras causaram nos indivíduos e para conhecer detalhes que não são encontrados nos documentos oficiais.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a mais destrutiva guerra da história da humanidade, com mais de 100 milhões de mortos, ocorreu também o Holocausto (perseguição e assassinato sistemático da população de origem judia pelo governo nazista) no território alemão e nos que foram sendo conquistados durante as batalhas. Os nazistas criavam guetos nas cidades, que eram espaços destinados aos judeus com o objetivo de segregá-los do restante da população.
A resistência a essa situação tomou várias formas, algumas passivas, outras mais ativas, que resultaram em relatos das condições de vida durante a Segunda Guerra Mundial. Um caso famoso é o da jovem judia Anne Frank, que viveu durante algum tempo com sua família em um porão, um anexo de um escritório em Amsterdã, na Holanda, sob a proteção de Miep Gies e Bep Voskuijl, amigos de seu pai Otto Frank.
Aos 13 anos de idade, em 1942, Anne Frank recebeu de presente um diário onde passou a escrever sobre seu cotidiano e sobre as condições de vida a que estavam sujeitos neste porão. Ela relatou suas impressões sobre a vida naquele pequeno espaço, como se alimentavam e as relações que estabeleciam com as pessoas. Anne escreveu em seu diário até o dia em que o esconderijo foi descoberto, em 04 de agosto de 1944, quando ela e seus familiares foram levados pelas tropas nazistas a campos de concentração e mortos. Seu caso ficou famoso, pois seu pai, que sobreviveu, recebeu o diário de seus protetores e decidiu encontrar meios de publicá-lo, o que ocorreu em 1947.
Outro caso, menos notório, foi o protagonizado por Emanuel Ringelblum. Apesar de não ser um relato pessoal sobre a guerra, sua importância reside na vasta documentação que conseguiu ser reunida sobre as condições de vida dos judeus nos territórios dominados pelos alemães. Ringelblum era um historiador polonês que viveu no gueto de Varsóvia. Neste local, ele criou uma rede de colaboração entre vários moradores com o objetivo de registrar as condições de vida dos judeus segregados no maior gueto formado pelos nazistas. O trabalho denominado como “Arquivos do Oyneg Shabbos” reuniu mais de 35 mil páginas, onde constam informações sobre documentos oficiais nazistas, cartões de racionamento de alimentos, jornais, desenhos, cartazes, obras literárias etc. O esforço contou com o apoio de dezenas de ativistas de várias profissões que tinham o objetivo de manter viva na história as barbáries infligidas aos judeus pelos nazistas.
Estas ações são importantes para que possamos conhecer a realidade vivida pelas pessoas durante os horríveis períodos de guerra.
* Créditos da imagem: rook76 e Shutterstock.com
Por Tales Pinto
Graduado em História